A recente tragédia das inundações no Rio Grande do Sul (RS) nos trouxe um desafio de saúde pública que não pode ser ignorado. A mistura das águas das chuvas e das barragens com os esgotos criou um ambiente propício para a propagação de doenças, entre as quais a leptospirose se destaca como a mais perigosa e letal. Doença causada pela leptospirose significa ocupação de leito hospitalar, geralmente em UTI, podendo demandar hemodiálise. Esta situação exige uma resposta rápida e enérgica do governo e das autoridades de saúde. A hora de agir é agora.

O governo do RS já confirmou 124 casos de leptospirose e está investigando 10 mortes suspeitas de serem decorrentes da doença. É crucial lembrar que a leptospirose é uma doença evitável. A profilaxia e o tratamento precoce são medidas comprovadamente eficazes na prevenção de surtos epidêmicos. No entanto, até o momento, não temos visto uma ação coordenada e abrangente que se capilarize em cada um dos municípios para enfrentar essa ameaça de saúde pública.

Desde o início desta crise, Médicos Pela Vida têm alertado incessantemente sobre os riscos. Realizamos lives públicas com renomados clínicos e infectologistas, orientando a população e colegas de profissão sobre a importância da profilaxia e do tratamento precoce. No entanto, todos os apelos ainda não foram atendidos na escala necessária. O surto epidêmico de leptospirose pode resultar em mais mortes do que a própria inundação, especialmente considerando a precariedade atual das unidades de saúde e hospitais afetados. Não haverá leitos suficientes. Pessoas poderão morrer por desassistência.

Instamos as autoridades a adotarem imediatamente medidas como campanhas de profilaxia massiva, distribuição ampla de penicilina benzatina ou doxiciclina, conforme a orientação do Dr. Paulo Olzon, um dos mais experientes médicos no trato com a leptospirose. Além disso, é crucial fortalecer as unidades de saúde para garantir que todos os casos suspeitos sejam diagnosticados e tratados rapidamente. A intensificação das campanhas de informação para a população, destacando os riscos da leptospirose e as medidas preventivas a serem tomadas, também é uma necessidade urgente.

O professor Paulo Olzon, que formou gerações de clínicos e infectologistas, ofereceu-se para contribuir com sua vasta experiência, uma das maiores do mundo. Sua orientação sobre o uso de penicilina benzatina e doxiciclina precisa ser incorporada de imediato nas ações de saúde pública.

Não podemos permitir que mais uma tragédia anunciada se concretize. A inação diante de uma situação tão grave é inadmissível. As vidas que podemos salvar com medidas simples e eficazes dependem da nossa capacidade de agir rapidamente. Médicos Pela Vida reafirmam seu compromisso com a saúde pública e a prevenção de doenças evitáveis. Apelamos às autoridades constituídas para que tomem as medidas necessárias sem demora.

A hora de agir é agora. Não há mais o que se esperar, nem delongar.

Leia mais:

Revisão na literatura científica indica quais doenças esperar após inundações