Um estudo abrangente, publicado na Archives of Disease in Childhood, vinculada à BMJ – British Medical Journals, feito por pesquisadores de instituições renomadas como a Escola de Medicina da Universidade de Stanford, a Agência de Segurança em Saúde do Reino Unido, a Universidade da Califórnia em São Francisco e a Universidade do Sul da Dinamarca, lança luz sobre a eficácia da obrigatoriedade de máscaras para crianças durante a pandemia de COVID-19. O estudo, marcado por seu alto valor de nível de evidência científica, teve como objetivo realizar uma análise de risco-benefício, avaliando a eficácia do uso de máscaras em crianças.
Resumo
O estudo abrangeu uma revisão sistemática de dados até fevereiro de 2023, examinando 597 estudos e incorporando 22 na análise final. Notavelmente, não foram encontrados ensaios clínicos randomizados em crianças avaliando os benefícios do uso de máscaras para reduzir a infecção ou transmissão do SARS-CoV-2. Os estudos observacionais que relataram uma associação positiva entre o uso de máscaras por crianças e uma menor taxa de infecção ou soropositividade de anticorpos foram criticados por um risco crítico ou sério de viés. A reanálise revelou resultados não significativos em dois casos. Além disso, dezesseis outros estudos observacionais não encontraram associação entre o uso de máscaras e infecção ou transmissão.
Conclusões
A eficácia do mundo real dos mandatos de máscaras para crianças contra a transmissão ou infecção pelo SARS-CoV-2 não foi demonstrada com evidências de alta qualidade. O estudo conclui que os dados científicos atuais não apoiam o uso de máscaras em crianças para proteção contra a COVID-19.
“Eticamente, as crianças devem ser tratadas como um grupo protegido, onde os benefícios de qualquer intervenção devem superar claramente os danos”, afirmaram os cientistas no estudo.
O que já se sabia sobre o assunto
A obrigatoriedade do uso de máscaras para crianças foi amplamente utilizada como medida de saúde pública durante a pandemia de COVID-19. As recomendações de uso de máscaras parecem basear-se inteiramente em dados mecanicistas e observacionais; uma revisão sistemática avaliando as evidências ainda não havia sido realizada.
O que este estudo adiciona
Nesta revisão sistemática, 16 estudos não encontraram eficácia no uso de máscaras na infecção ou transmissão, enquanto seis estudos que relataram uma associação protetora tinham um risco crítico ou sério de viés. Como os benefícios do uso de máscaras para a COVID-19 não foram identificados, deve-se reconhecer que as recomendações de máscaras para crianças não são respaldadas por evidências científicas.
Qual é a importância prática deste estudo?
Recomendações de políticas relacionadas à COVID-19 devem ser baseadas em evidências científicas de alta qualidade e deve considerar a possibilidade de danos, especialmente para crianças, que são um grupo vulnerável e protegido eticamente.
“Os prestadores de cuidados de saúde e os adultos que trabalham com crianças devem ser informados sobre a ausência de dados de alta qualidade que apoiem o mascaramento para reduzir os riscos de infecção e transmissão do SARS-CoV-2”, recomendaram os pesquisadores.
“Como a ausência de danos não está estabelecida, a recomendação do uso de máscaras para crianças não atende à prática aceita de promulgar apenas intervenções médicas onde os benefícios superam claramente os danos”, recomendaram os pesquisadores.
Comentário MPV
Este estudo destaca a falta de evidências robustas que respaldem as obrigatoriedades de máscaras para crianças utilizado tão largamente durante a pandemia para a prevenção da COVID-19. Os governos federais, estaduais e municipais devem reavaliar as políticas atuais à luz dessas informações, garantindo que futuras novas recomendações estejam alinhadas com evidências de alta qualidade e ponderando cuidadosamente os possíveis danos, especialmente para o grupo vulnerável das crianças.
O estudo vem corroborar o posicionamento feito pelo CFM – Conselho Federal de Medicina, há pouco tempo atrás, sobre máscaras, não só para crianças, mas para todo mundo.
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