O Dr Flavio Cadegiani, cientista brasileiro que chegou a ter seu apartamento em Brasília invadido indevidamente pela Polícia Federal, tendo seus equipamentos eletrônicos confiscados, recebeu um prêmio de reconhecimento nos EUA por “Contribuições para a Excelência em Pesquisa”. O médico foi estrela no Congresso da FLCCC – Front Line Covid-19 Critical Care, em Phoenix, no Arizona, ocorrido na semana do dia 2 de fevereiro.
Teoria original
Dr. Cadegiani é o autor original da teoria antiandrogênica no combate à COVID-19. Ele foi líder das pesquisas com proxalutamida, um medicamento desta linha de fármacos.
O estudo com a Proxalutamida, revisado por pares e publicado, envolveu 778 pacientes com COVID grave, hospitalizados, do Amazonas e do Rio Grande do Sul. A redução de mortes constatada foi de 78%.
- Proxalutamida: 45 de 423 (10,6%) morreram.
- Placebo: 171 de 355 (48.2%) morreram.
Estudo elogiado no mundo
No Brasil, o estudo foi atacado impiedosamente pela imprensa, o que gerou uma onda de denúncias nos conselhos de medicina. Contudo, no exterior, nas mais renomadas instituições científicas do mundo, a alta qualidade do estudo foi atestada desde o início.
Na Universidade de McMaster, do Canadá, o berço da Medicina Baseada em Evidências, o estudo foi avaliado com uma das notas mais altas entre todos os estudos de medicamentos contra a COVID. O mesmo ocorreu com a análise do site COVID-NMA, vinculado à tradicional Biblioteca Cochrane, da França, que busca analisar evidências científicas de tratamentos. Por lá concluíram existir pouco viés, o que comprova a solidez do trabalho.
Para atacar Cadegiani, até teorias de conspiração
Atila Iamarino, o divulgador científico mais bem-sucedido do Brasil, com mais de 1,2 milhão de seguidores no Twitter e 1,1 milhão no Instagram, publicou em sua conta no Twitter uma “suspeita macabra”, segundo ele. A postagem insinuava que o grupo de controle, em vez de receber placebo, estava sendo envenenado para criar uma falsa melhora no grupo de tratamento. Ou seja, Atila inventou uma teoria de conspiração onde diversos médicos de diversos hospitais concordaram em matar pacientes para fingir que um tratamento funciona.
Posteriormente, no Jornal Nexo, foi revelado por Olavo Amaral, médico, cientista e professor da UFRJ, que Atila Iamarino é patrocinado pela Pfizer, inclusive, fazendo interpretações equivocadas de estudos sobre vacinas. “Negar a proteção acumulada pela infecção prévia, e com isso exagerar o risco da infecção por covid-19 para a maioria da população em 2023, é uma forma eficiente de vender vacinas”, afirmou.
Casa invadida pela polícia
Após essa insinuação de Atila, além de outras acusações, que incluiu a de que Cadegiani era chefe de contrabando de proxalutamida, a Polícia Federal fez uma operação de busca e apreensão na casa e no consultório de Cadegiani, e na casa de Ricardo Zimerman, infectologista também autor de estudos com o medicamento. A polícia estava na expectativa de encontrar comprimidos, mas não acharam. Levaram computadores e celulares. Além disso, a pedido da ANVISA, fizeram análises nos medicamentos que já estavam com as autoridades competentes. A polícia queria saber se a acusação de que os comprimidos de placebo continham veneno tinha algum embasamento. (Veja documento que a redação MPV teve acesso aqui).
“A Polícia Federal realizou a análise dos comprimidos de proxalutamida e de placebo, e viu que eles continham, respectivamente, proxalutamida na quantidade exata e nada, respectivamente.”, contou Cadegiani na época.
Estudos no exterior confirmaram a teoria androgênica
A equipe de Cadegiani é pioneira no estudo dos antiandrogênicos contra a COVID-19. A proxalutamida é um medicamento patenteado, da classe dos anti-androgênicos, mas de última geração.
Entretanto, esta classe de medicamentos possui diversas moléculas sem patentes, como a dutasterida, enzalutamida, espironolactona, entre outros.Em meados do ano passado foi publicada no Journal of Medical Virology uma metanálise de estudos randomizados controlados avaliando o uso de diversos anti-androgênicos para o tratamento de COVID-19. A revista é a número 2 na área de virologia de acordo com o Journal Citation Reports, número 1 de acordo com o Google Scholar e número 10 de acordo com o Scimago.
Para saber mais sobre esta meta-análise e outros dados deste estudo, leia a análise completa do professor Daniel Tausk, da USP, aqui no site do MPV.
Inocentado nos conselhos de medicina
Em abril de 2023, o Conselho Regional de Medicina do Estado do Amazonas (CREMAM) absolveu, por unanimidade, o Dr. Flavio Cadegiani. O braço norte do estudo com a proxalutamida ocorreu em seis cidades do Amazonas. Todas as acusações foram retiradas após a inocência do médico ter sido comprovada.
“Provou nos autos não ter vínculo com a indústria farmacêutica, tampouco divulgou informações inverídicas, mostrando, apenas, os resultados animadores das pesquisas”, afirmou em seu voto a relatora do processo.
Pouco meses antes, ele foi absolvido também no Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul, estado onde ocorreu o segundo braço da pesquisa. As denúncias foram apresentadas pela Procuradoria da República do RS.
Na conclusão, os julgadores destacaram que o estudo cumpriu todas as aprovações técnicas e burocráticas necessárias. Além disso, escreveram sobre os bons resultados: “Destacam-se os resultados extremamente animadores apresentados pela proxalutamida, revelando efeitos estatisticamente significativos na redução do dano pulmonar ocasionado pelo COVID, mesmo no curto período de tratamento e também por não ter havido dano aos pacientes testados pela droga”.
Sobre o prêmio
O prêmio de reconhecimento foi oferecido pela Front Line COVID-19 Critical Care Alliance (FLCCC), entidade sob a liderança do Dr Paul Marik, médico, professor de medicina nas mais conceituadas universidades dos EUA e um dos maiores autores de estudos científicos de medicina interna e cuidados em UTI do mundo. Marik possui um H-index, medida de impacto de citações científicas, em um impressionante valor H-115.
“Devido ao seu compromisso com o método científico e às suas muitas contribuições para o conjunto de evidências, o Dr. Cadegiani foi uma escolha natural para o prêmio FLCCC por Contribuições para a Excelência em Pesquisa”, afirma a notícia no site da instituição.
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