O Rio Grande do Sul enfrenta a maior tragédia ambiental de sua história. As inundações causaram devastação, resultando, até o momento, em 107 mortos e 136 desaparecidos. Em meio a essa crise, surge uma preocupação urgente de saúde pública: a necessidade de uma campanha massiva de vacinação contra a hepatite A e, para quem sofreu traumas, a vacinação contra o tétano. O governo federal deve agir rapidamente para evitar uma segunda catástrofe na forma de doenças infecciosas.

Segundo o renomado infectologista Ricardo Zimerman, a população do Rio Grande do Sul está especialmente vulnerável à hepatite A devido ao saneamento básico relativamente bom no estado, o que faz com que muitos cheguem à vida adulta sem terem sido infectados ou imunizados. Quando a infecção ocorre na infância, os sintomas são geralmente leves ou inexistentes, mas em adultos, o risco de hepatite fulminante é significativamente maior, variando de 0,1% a 1%. Isso pode levar a situações críticas, como a necessidade de transplantes de fígado.

“Há um tempo atrás teve um surto de hepatite A entre jogadores do Inter, que tomaram água de poço. Então isso é uma coisa bem presente no nosso meio”, explicou Zimerman. “O gaúcho não chega imunizado naturalmente na vida adulta”.

A vacina contra a hepatite A, que requer duas doses aplicadas em um intervalo de seis meses a um ano, tem uma eficácia de quase 100%. Além disso, ela pode ser administrada como profilaxia pós-exposição, desde que seja aplicada dentro de 14 dias após a exposição. O que torna essa vacina ainda mais importante no contexto atual é a possibilidade de contaminação da água e do solo após as inundações. “É de vírus inativado, uma vacina extremamente segura, pouco reatogênica. Então é uma vacina bem boa”, afirmou Zimerman.

No entanto, a vacina contra a hepatite A não é gratuita atualmente. Dada a situação catastrófica do Rio Grande do Sul, é necessário que o governo federal lance uma campanha de vacinação gratuita e massiva para proteger a população em risco. As autoridades devem trabalhar rapidamente para garantir a disponibilidade da vacina e estabelecer postos de vacinação em áreas acessíveis, para que todos tenham a oportunidade de se proteger.

Além disso, também é crucial uma campanha de vacinação contra o tétano para quem sofreu traumas. A exposição a solos e água contaminados após deslizamentos e desabamentos aumenta o risco de infecções por tétano. Como a antitetânica precisa ser renovada a cada dez ou cinco anos, dependendo do tipo de ferimento, muitas pessoas podem estar desprotegidas. Assim, é necessário um esforço conjunto para garantir que todos que necessitam dessa proteção a recebam.

O tempo é essencial. O governo federal precisa agir agora para evitar mais sofrimento e mortes desnecessárias. É uma questão de responsabilidade e compromisso com a saúde pública. Proteger vidas deve ser sempre a prioridade. O MPV – Médicos Pela Vida conclama as autoridades a tomar medidas imediatas e concretas para lançar essas campanhas de vacinação. A população do Rio Grande do Sul precisa de nosso apoio e proteção, e não podemos falhar.