“Médicos Pela Vida: de 209 profissionais, apenas 2 são infectologistas”, dizia a manchete do site Metrópoles, um dos mais importantes do Brasil, há pouco mais de duas semanas, nos criticando.
A matéria seguiu com diversos tons e terminou cantando o mesmo refrão enganoso de sempre: de que os medicamentos são “sem comprovação científica”. Mas a base da crítica era essa: que temos poucos infectologistas.
Aqui explicaremos porque esta crítica é baseada em um jornalismo amador, sem nenhuma reflexão, e que não faz não faz o menor sentido. Mostraremos que matérias como esta servem apenas para atrapalhar e difamar médicos que estão fazendo um trabalho sério. Tudo isso justo no pior momento possível: a maior crise sanitária da história do Brasil.
Aos números
Segundo o recém publicado “Demografia Médica no Brasil – 2020”, temos, no país todo, 4.096 médicos especializados em infectologia.
E na data de hoje, 6 de agosto, temos, no Brasil, segundo o site referência WordoMeter, o número de 20.066.576 infectados pela COVID-19. Sim, pouco mais de 20 milhões.
Se apenas infectologistas pudessem atender pacientes com a COVID-19, como desejam os jornalistas do Metrópoles, cada infectologista deveria ter atendido, nestes 16 meses de pandemia, 4.931 pacientes.
Isso dá dez pacientes por dia para cada infectologista, fora os suspeitos da doença, que também precisam ser atendidos. Além disso, há, como todos sabem, as ondas das infecções. Ocorrem muito mais atendimentos em alguns meses e menos em outros.
Partindo do princípio que nas altas das ondas temos cerca de três a quatro vezes mais pacientes, teríamos que ter infectologistas, segundo a vontade do Metrópoles, atendendo mais de 50 pacientes em um único dia.
Soma-se a isso, o fato do Brasil ser país de tamanho continental e com distribuição de médicos de forma desigual. Ainda no documento da demografia médica, observamos que no estado de São Paulo, por exemplo, existem 1477 infectologistas, Minas Gerais, com o dobro do tamanho de São Paulo, possui apenas 305.
Em Minas Gerais, temos 1.985.928 casos. Isso dividido por 305 infectologistas, dá 6.511 pacientes confirmados para cada profissional. Ou seja, segundo a total falta de lógica dos jornalistas palpiteiros do Metrópoles, na alta de uma onda de infecções, cada médico infectologista mineiro precisaria atender cerca de 70 pacientes por dia, em mais de duas cidades, cada um.
Essas contas nos lembram aquelas famosas postagens virais que rodam pelas redes sociais todo final de ano, onde a internet toda se diverte lendo análises sobre velocidade que o Papai Noel, se fosse verdadeiro, teria para descer em cada chaminé para entregar presentes, além dos cálculos da velocidade de trenós, que precisariam superar os mais rápidos caças a jato do mundo!
Por sorte, a definição de quem deve atender os pacientes não fica a cargo da imprensa, que parece ainda acreditar no bom velhinho. Mas de adultos que entendem do que falam, como o CFM – Conselho Federal de Medicina, órgão regulador da prática médica em território nacional. O conselho definiu que a atribuição de diagnosticar e tratar a doença infecciosa é do médico de qualquer especialidade. O órgão ainda reafirmou nosso posicionamento através da publicação e manutenção da resolução 04/2020 (houve muitas tentativas de derrubá-la mas sem sucesso) que permite o médico usar medicamentos reposicionados, inclusive cloroquina.
Reforçamos nossa postura
Atender pacientes em determinadas situações, identificar seu quadro clínico, até de comorbidades, e prescrever tratamentos, faz parte da rotina e da obrigação dos profissionais da medicina, independentemente da sua especialidade. É para isso que médicos dedicam anos e anos de sua vida em estudos, pesquisas e na busca de evidências para atingir os melhores resultados. É o princípio básico e fundamental no exercício da profissão: a defesa da vida.
Sobre serem apenas 209 médicos
Nem todos os médicos brasileiros que atuam com o tratamento imediato para a COVID-19 estão registrados no site medicospelavidacovid19.com.br. Nós nos sentimos no direito de representar e defender todos. No mundo, há infectologistas renomados e reconhecidos, além de cientistas internacionais, como o microbiologista francês, Dr. Didier Raoult, Dr Harvey Risch, Dr Zelenko, Dr Peter McCullough, Dr Paul Marik, entre outros grandes nomes, como Satoshi Omura, Nobel de Medicina em 2015.
No Brasil, infectologistas como Dr. Francisco Cardoso, Dr. Ricardo Zimmermann, Dra. Roberta Lacerda, entre centenas, também apoiam, defendem e praticam o tratamento da doença no momento inicial e de forma imediata, evitando que o quadro dos pacientes se complique, deixando essas pessoas mais expostas à intubação e, lamentavelmente, levando-as à morte.
Sobre comprovação científica e o mundo de fantasia da mídia
Nós falamos o tempo todo em “tratamento precoce” ou “tratamento imediato”. Isso significa não esperar o paciente ficar grave, necessitando de oxigênio ou intubado, para iniciar o tratamento. Os estudos que a mídia de massa brasileira se baseia, para falar da hidroxicloroquina, por exemplo, são em pacientes graves. Usam normalmente este, publicado na Nature, para afirmar ineficácia. Realmente, este estudo comprova que em pacientes graves, overdose de hidroxicloroquina não funciona. Já sabemos disso há bastante tempo. O estudo de Manaus com 12 gramas, de abril do ano passado, já nos tirou qualquer dúvida sobre essa possibilidade.
Entretanto, quando iniciado em até cinco dias de sintomas e nas doses recomendadas por diversas entidades, inclusive pelo grupo MPV, o resultado é consistentemente positivo. É o que prova a revisão sistemática, o mais alto nível de evidência científica, revisada por pares e publicada na revista científica New Microbes and New Infections, liderado pelo cientista Chad Prodomos, dos EUA. “Verificou-se que o hidroxicloroquina é consistentemente eficaz contra o COVID-19 quando fornecido no início do ambiente ambulatorial”, concluíram os cientistas. Para quem quiser entender mais, e não sobrar mais dúvidas, também há o vídeo do professor de Yale, Dr. Harvey Risch, cientista de altíssimo nível, explicando sobre todas as evidências da hidroxicloroquina contra a COVID em um seminário no Mediterranée Infection, em Marselha, na França.
Explicar, explicar e explicar de novo
Aos jornalistas que insistem em decidir qual tratamento deve ou não deve ser prescrito, não nos pouparemos em explicar, todas as vezes, a diferença entre tratamento que inicia nos primeiros dias de sintomas, portanto tratamento precoce, e tratamento que inicia em pacientes hospitalizados, com a doença adiantada.
Também não nos preocupamos em ficar explicando, dia sim, dia não, que há uma pandemia global, que ela é grave, que mata se não for tratada, que já infectou mais de 20 milhões, e que, portanto, apenas 4.096 médicos não seriam o suficiente. Assim como não nos preocupamos em explicar, para os adultos do Metrópoles ou de qualquer outro segmento da sociedade, que sim, há comprovação científica do tratamento precoce e que, além disso, nem renas, nem infectologistas, possuem motores a jato supersônicos.
MPV – Médicos pela Vida