Saiu um outro estudo realizado para mostrar que algo não funciona (no caso, os anti-androgênicos) quando realmente funciona, neste caso, um medicamento chamado degarelix. Veja o estudo aqui: “Effect of Androgen Suppression on Clinical Outcomes in Hospitalized Men With COVID-19″.

Eu ficaria muito surpreso se o degarelix fosse eficaz em homens hospitalizados por COVID-19. Eu previ esses resultados desde o primeiro anúncio do estudo.

Primeiro, agora sabemos que testar um agente antiviral promissor na fase mais avançada da COVID-19 antes de testar como tratamento inicial é uma confissão de um objetivo direcionado – o que está escrito acima.

Degarelix é um supressor central da testosterona, ao reduzir GnRH/LHRH no hipotálamo, que reduz a produção de LH na glândula pituitária, que finalmente reduz os níveis de testosterona. Ele age no cérebro para reduzir a produção de testosterona nos testículos.

No entanto, o degarelix é o mais distante que poderia atuar no COVID-19.

Aqui estão os porquês:

1. O degarelix não bloqueia o receptor androgênico, que seria a ação mais imediata para reduzir a patogenicidade da COVID-19.

2. O degarelix não inibe a conversão da testosterona em DHT (5 vezes mais potente que a testosterona), que é o que realmente causa COVID-19 grave, o que foi mostrado recentemente (vejam post meu de 5/abril/22).

3. Ao bloquear a produção e não a ação da testosterona, há uma redução concomitante dos níveis de estradiol, que seria altamente protetor para o COVID-19. No caso da proxalutamida, o estradiol aumenta devido à falta de ‘uso’ da testosterona (receptor bloqueado) – e que muito provavelmente confere proteção adicional.

4. Assim a classe de anti-androgênicos da flutamida enzalutamida, bicalutamida e proxalutamida, os antagonistas de GnRH/LHRH também apresentam diferentes níveis de potência. o degarelix é uma opção de primeira geração, como a bicalutamida, mas é inferior ao regulorix em termos de taxas de castração, por exemplo, que seria o objetivo do estudo para ação na testosterona.

5. Neste estudo em particular, os homens já estavam com a testosterona suprimida antes de administrar uma droga que suprime a testosterona. É óbvio que não levaria a nenhum efeito. Provavelmente, a baixa testosterona foi um indicador de pacientes já altamente infectados (alta carga viral) e disfunções já induzidas, uma vez que as células de Leydig, que produzem testosterona, podem prever o quão infeccioso e patogênico o vírus COVID-19 pode ser, através da redução da produção de testosterona.

Eu não vou nem adentrar nos fatos esquisitos porém não inesperados de que no grupo do remédio (degarelix)  duas vezes mais pacientes graves (oxigênio de alto fluxo ou ventilação não invasiva), maior prevalência de enfisema pulmonar, de diabetes e duas vezes mais participantes que já dependentes de oxigênio, do que no grupo placebo. Além disso, havia um baixíssimo uso de uma classe de anti-hipertensivos protetor chamado iECA (losartana, candesartana…) por pacientes com hipertensão no grupo do remédio (25% somente, contra 60% a 90% em geral), e metade dos usuários do grupo placebo. A combinação de todos esses fatores, coincidentemente favorecendo o placebo de forma unânime, permite hipotetizar outra coisa. Aliás, métodos indistinguíveis dos usados em outro estudo, realizado com enzalutamida. Ambos com conflitos de interesses ‘altamente conflitantes’ não revelados. Você sabe o quê, claro.

A não surpreendente falta de eficácia do degarelix em homens hospitalizados, administrado tarde demais, quando as ações antivirais não são mais desejadas, para homens já suprimidos de testosterona, sem ação no receptor androgênico, com diminuição, em vez de aumento, dos níveis de estradiol, reforça nossa hipótese de como andrógenos e antiandrogênios funcionam direta e indiretamente para o COVID-19, bem como para algumas outras infecções. Uma prova de conceito adicional à nossa hipótese, que infelizmente não ocorreu da melhor forma.