“Clube de Compras Dallas”, lançado em 2013, conquistou três estatuetas do Oscar. Matthew McConaughey levou o prêmio de melhor ator ao interpretar Ron Woodroof, o personagem principal da história. Jared Leto, interpretando Raymond, uma travesti, foi premiado como o melhor ator coadjuvante. Além desses dois prêmios, a obra cinematográfica venceu na categoria de melhor maquiagem.

Ambientado em 1985, o filme biográfico conta a história de Ron Woodroof, um eletricista e caubói do Texas, sul dos EUA. O principal acontecimento no roteiro é a epidemia de AIDS se espalhando e fazendo suas vítimas.

No início, o filme mostra quem é Ron e sua personalidade: ele tem uma vida desregrada de sexo com prostitutas, drogas, jogos e bebidas. Com amigos, enquanto jogava poker a dinheiro em um festival de peão de rodeio, ele fez comentários depreciativos sobre a sexualidade de Rock Hudson, ator de Hollywood morto pela AIDS. “Chupador de pau”, acusou. De personalidade ruim, Ron também é desonesto e se envolve em brigas por não pagar suas apostas.

Logo após um acidente de trabalho, quando uma caixa de energia elétrica explodiu em seu rosto, Ron foi a um hospital para um atendimento de emergência. Quando já estava melhor, os médicos tinham uma notícia ruim e pediram para ele se sentar. Seu exame era positivo para o HIV, o vírus causador da AIDS. Quando o médico perguntou se Ron teve relações homossexuais, para saber se ele fazia parte do principal grupo de risco da doença, o caubói explodiu de raiva e ofendeu o médico aos gritos.

Na sequência, mesmo depois de ofendido, o médico, agindo como um conselheiro, avisou que ele possuía aproximadamente um mês de vida. Ron, um caipira do meio oeste norteamericano, trabalhador de baixa qualificação, homofóbico e grosseiro, o perfil ideal para se tornar o negacionista da ciência, fez o esperado: negou a ciência. “Não existe nada no mundo que mate Ron Woodroof em 30 dias”, disse. Ao sair do hospital depois da notícia que estava infectado, Ron voltou para sua vida cotidiana: foi cheirar cocaína, beber e transar com prostitutas.

Além dos três prêmios Oscar que venceu, foi indicado e mais três categorias: melhor filme, melhor montagem e melhor roteiro original.

Ron logo contou para um amigo o resultado de seu exame. O caubói afirmou que o diagnóstico do vírus HIV era um engano médico. Mas a realidade sempre se impõe a negacionistas da ciência como Ron Woodroof: os sintomas da AIDS começaram a piorar.

Por sorte, a ciência, com o foco em trazer o melhor para a população, já buscava um tratamento eficaz para a epidemia. O hospital de Dallas era um dos lugares que participava dos estudos “padrão ouro”, os randomizados, duplo cego e controlados por placebo, do AZT. “Vocês serão muito bem remunerados”, prometeu o representante do laboratório Burroughs Wellcome, produtora do medicamento, à diretoria do hospital.

Sentindo-se mal pelo agravamento da doença, Ron foi novamente ao hospital onde os estudos já estavam sendo feitos. Ele buscava um médico. Quando uma mulher se prontificou a atendê-lo, o caubói mostrou mais uma caraterística de sua personalidade: o machismo. Ron disse que não queria ser atendido por uma enfermeira, mas ela era médica.

Ron queria o AZT, considerado, na época, uma esperança pela imprensa. A Dra. Eve Saks (Jennifer Garner), explicou que ele poderia se voluntariar no estudo, mas como era um ensaio clínico “padrão ouro”, randomizado e duplo cego, ele poderia receber o medicamento ou o placebo. Negacionista novamente, Ron não queria esperar o tempo da ciência. Além disso, ele mostrou-se corrupto. O caubói ofereceu dinheiro para a médica para ter o AZT naquela hora.

Após a negativa da médica, angustiado, Ron vai à biblioteca ler todas as notícias sobre a AIDS e as possibilidades de tratamentos. Informado, voltou para pressionar a médica com uma lista de medicamentos sem comprovação que desejava (algo que lamentavelmente se repetiu durante a COVID, com pacientes pressionando médicos para terem medicamentos sem eficácia comprovada, como hidroxicloroquina e ivermectina), mas a Dra Saks informou que nenhuma das drogas era aprovada pela FDA – Food and Drug Administration. “Que se dane a FDA”, disse Ron, demonstrando mais negacionismo científico. A médica, entendendo o desespero do caubói, tentou encaminhá-lo para um grupo de apoio a aidéticos. “Está me mandando receber abraços de um monte de viados”?

Durante toda a história, vamos conhecendo quem é Ron Woodroof. Além de homofóbico, violento, machista, desonesto e corrupto, ele costumava frequentar um bar que exibia uma bandeira dos estados confederados, símbolo vinculado a supremacistas brancos de extrema direita.

Entretanto, logo Ron conseguiu o que queria. Ele foi capaz de corromper um funcionário do hospital para ter suas doses de AZT desviadas da pesquisa. Mas mesmo tomando o medicamento, sua doença piorou e ele voltou ao hospital. Foi quando Ron conheceu Raymond, a travesti infectada pela AIDS interpretada por Leto. Raymond, também corrupto, dividia sua dose com uma pessoa que o pagava.

Depois de uma melhora momentânea, Ron saiu do hospital novamente. Mas o desvio do AZT não durou muito tempo. Descobriram a corrupção. Contudo, o funcionário do hospital deu a Ron o endereço de um médico no México que poderia ter o AZT. Desesperado, o caubói atravessa a fronteira atrás do medicamento. No México, ele encontra uma clínica clandestina de um médico norteamericano negacionista da ciência que teve sua licença médica cassada por prescrever tratamentos não comprovados pela FDA. (Algo que lamentavelmente se repetiu durante a COVID-19, como o caso da Dra Meryl Nass, médica norteamericana que teve sua licença suspensa por prescrever ivermectina e hidroxicloroquina, medicamentos não comprovados).

Na clínica clandestina, o médico negacionista, interpretado por Griffin Dunne, mandou Ron parar com o AZT.  “As únicas pessoas que o AZT ajuda são as pessoas que vendem ele”, afirmou. Na sequência, ele prescreveu medicamentos sem comprovação científica, incluindo, em seu cocktail, zinco e vitaminas. (Algo que se repetiu durante a COVID-19, como no caso do Dr Zelenko, médico norteamericano que alegava, desde o início da pandemia, tratar pacientes com sucesso. Em seu cocktail, Zelenko incluía zinco e vitaminas, além de hidroxicloroquina. No New York Times, sua proposta foi chamada de “cura milagrosa”).

Depois de ficar um tempo na clínica clandestina, Ron teve uma melhora. O médico, um irresponsável que não seguia as recomendações científicas da FDA e dava falsas esperanças aos doentes desesperados, citou “estudos iniciais” para montar seu cocktail de tratamento. Ron ficou irritado porque não poderia comprar os medicamentos nos EUA. Não eram aprovados pela agência reguladora contra AIDS.

Ron se torna um teórico da conspiração

A partir de sua melhora, Ron tornou-se um teórico da conspiração. Para ele, a FDA, em conluio com a indústria farmacêutica, agia contra medicamentos eficazes, baratos e sem patentes, deixando doentes morrerem por lucro. Com isso em mente, o caubói viu uma oportunidade de ajudar infectados nos EUA, além de uma oportunidade de negócios. Ron, junto com o médico da clínica clandestina, planejou a venda ilegal de um “Kits AIDS” sem eficácia comprovada. (Algo que, lamentavelmente, se repetiu na pandemia atual, com os famigerados “Kits Covid”, com ivermectina e hidroxicloroquina, zinco e vitaminas, que os checadores de fatos já garantiram serem ineficazes).

Na sequência, de modo engenhoso, Ron começa a trazer os “Kits AIDS” do México para os EUA. Não muito tempo depois, em defesa da ciência, funcionários da FDA começaram a perseguir Ron para impedir a comercialização ilegal. Para ajudá-lo com as vendas na comunidade gay, o caubói homofóbico se associa a Raymond, a travesti. E em vez de fazer vendas, para não se enquadrar em comércio ilegal de medicamentos, ele e Raymond montam um clube que vende mensalidades, onde os associados tem direito ao medicamento. É o “Clube de Compras Dallas”, o nome do filme.

Jared Leto interpreta Raymond, uma travesti negacionista da ciência e corrupta.

Ao mesmo tempo, o AZT, mesmo sem apresentar resultados satisfatórios, foi aprovado pela FDA em tempo recorde. Foi a primeira droga para tratamento da AIDS. Com custo de 8 mil dólares por ano (17 mil dólares de hoje), o AZT foi o medicamento mais caro já comercializado. Enquanto isso, a mensalidade do Clube de Compras Dallas era de 400 dólares. (Aprovações estranhas, com poucas evidências de eficácia, se repetiram agora, durante a COVID-19, com o caro e patenteado Remdesivir. No periódico Science, uma reportagem investigativa tem o seguinte título: “A ‘aparência muito, muito ruim’ do remdesivir, o primeiro medicamento COVID-19 aprovado pela FDA“).

No clube, aos clientes que chegavam e relatavam estarem consumindo AZT, Ron, radicalizando seu negacionismo científico, mandava “jogar na privada”. E a desinformação espalhada por Ron e Raymond criou problemas para os defensores de ciência. Os pacientes do hospital, que seguia rigorosamente as orientações científicas da FDA, passaram a ir ao clube atrás de medicamentos sem comprovação científica. Filas se formavam. “Cadê meus pacientes do estudo?”, chegou a questionar um dos médicos no hospital.

E Ron passou a incluir mais medicamentos em seu “Kit AIDS”. Ele fez contrabando de diversas possibilidades que teriam quaisquer notícias que poderiam funcionar. Em um dos testes com novos medicamentos, que fez nele mesmo, o caubói passou mal e foi internado. No hospital, deram AZT a ele. Ao acordar, Ron arrancou do braço: “Vou processá-lo por tentativa de homicídio”, disse ao médico do hospital. Um agente da FDA ameaçou prendê-lo. “Está se enganando”, disse o médico sobre o “Kit AIDS”. “Enganei você, não foi? Disse que eu ia morrer em 30 dias e já passou um ano”, respondeu Ron ao médico.

Na televisão que os personagens do filme assistem, as notícias são de protestos contra a FDA exigindo pesquisas mais rápidas de drogas contra a AIDS. Mas segundo a teoria de conspiração de Ron, a FDA estava apenas interessada em promover o caro AZT, não os tratamentos eficazes contra a doença. Naquela época, ativistas chegaram a implorar para que os órgãos competentes recomendassem medicamentos considerados eficazes por médicos da linha de frente. Outro ativista, em uma carta aberta publicada em um jornal, implorou por estudos com medicamentos genéricos e chegou a comparar o Dr Anthony Fauci, o Czar da AIDS na época, e agora da COVID-19, com Adolf Eichmann, um chefe nazista de campos de concentração.

Na sequência do filme, a perseguição ao caubói aumentou. O clube de compras foi invadido pela polícia junto com agentes da FDA. Queriam confiscar medicamentos. (Algo que se repetiu durante a Covid-19, com a polícia brasileira invadindo as casas do Dr Cadegiani e do Dr Ricardo Zimerman, e a polícia da França invadindo o hospital onde o Dr Didier Raoult é diretor. Todos autores de estudos contra a Covid com medicamentos genéricos, baratos e sem patentes).

Ron tentava tocar o Clube de Compras, mas a FDA mudou as regras. E a partir de um determinado momento, ele precisava de uma receita médica para comprar alguns dos remédios. Entretanto, nenhum médico queria dar a receita para ele continuar comprando e distribuindo seus Kits AIDS. (Algo que se repetiu durante a COVID-19, com mudança de status de medicamentos reconhecidamente seguros, mas que durante a pandemia passaram a necessitar de receita médica. Antes, eram vendidos sem prescrição).

Durante todo o filme, o caubói mantém contato com o médico que perdeu a licença por ser negacionista da ciência e mantinha a clínica clandestina no México. O contato era para aperfeiçoar o Kit AIDS. Em uma das conversas com o médico, Ron ficou sabendo de um estudo francês que apontava o AZT como excessivamente tóxico, mas o estudo foi ignorado pela FDA e pela fabricante, que queriam apenas promover o medicamento, informou o médico.

Raymond com a Dra Saks.

Coincidentemente, sem o Kit AIDS, Raymond teve uma piora em sua doença e foi levado para o hospital. Lá deram AZT para a travesti, que não resistiu e faleceu. Nesta hora, Ron foi ao hospital e agrediu fisicamente o médico que produzia os estudos com o medicamento. Além da agressão, chamou o médico de “assassino”. Enquanto era retirado pelos seguranças, o caubói, com sua teoria de conspiração na cabeça, gritou para todos os pacientes no hospital: “Não deixem injetar essa merda em vocês”.

Na sequência, Ron começou a fazer panfletos conspiracionistas falando mal do AZT, e explicando qual era a alternativa. Tudo foi considerado desinformação perigosa pelas autoridades que defendiam a ciência. Com os panfletos, ele invadiu uma palestra de cientistas da FDA e do CDC — Centers for Disease Control and Prevention, para infectados com o HIV. “Os laboratórios pagam a FDA para promoverem seus produtos”, disse ao público. Ron fez mais uma acusação: afirmou que autoridades não queriam ver os resultados que ele promovia com seu “kit AIDS”. (Algo que se repetiu hoje, com médicos da linha de frente acusando a FDA de não se importarem com seus resultados contra a COVID-19).

Nesta reunião, o caubói exaltou sua taxa de óbitos reduzida em 6 meses de tratamento. Disse que neste prazo, apenas 10% de seus pacientes morriam, em uma doença que matava todo mundo em poucos meses. Ao mesmo tempo, a médica do hospital de Dallas passou a se influenciar pelo que Ron dizia. Ela, por decisão própria, reduziu as doses do AZT em seus pacientes do hospital, contrariando as orientações da FDA. Por isso, passou a ser perseguida e depois foi demitida. (Algo que se repetiu atualmente, na Covid-19, com o Dr Paul Marik sendo perseguido e demitido por se recusar a prescrever Remdesivir para seus pacientes. Dr Marik afirmou que os hospitais ganham bônus de 20% quando prescrevem o medicamento).

O filme finaliza explicando que Ronald Woodroof morreu apenas em setembro de 1992, sete anos depois de ser diagnosticado com HIV. Depois de muita briga, o AZT passou a ser usado em menor dose, e em combinação com outras drogas, incluindo as contidas no “Kit AIDS” dele.

No fim das contas, não era teoria de conspiração

Apesar de ser homofóbico, machista, desonesto, corrupto, de extrema-direita, bêbado, consumidor de cocaína, operário de baixa qualificação, e de montar um comércio ilegal, Ron Woordroof não era um teórico da conspiração. O que ele dizia era verdade. O filme é uma história real.

Na época, os pacientes entenderam que o cocktail de medicamentos de Ron era eficaz. Por isso formavam-se filas na porta do clube. As pessoas que assistem ao filme também entenderam que o cocktail era eficaz. A eficácia é inequívoca, afinal, Ron não morreu em 30 dias, viveu muito mais tempo, e todos que tomavam os medicamentos sobreviviam.

Naquela época, a FDA e outros órgãos governamentais realmente agiram para favorecer a indústria farmacêutica. Com isso, houve perseguição a todos que ofereciam tratamentos eficazes com medicamentos baratos, genéricos e sem patentes. Deste modo, milhares foram assassinados por lucro. Apenas pela sabotagem do barato bactrim, por exemplo, segundo estimativa, cerca de 17 mil aidéticos norteamericanos foram mortos.

Durante a AIDS, muito mais histórias ocorreram. Uma reportagem investigativa no New York Times conta como a Bayer, gigante da indústria farmacêutica, dona do laboratório Cutter, vendeu plasma sanguíneo infectado com o HIV. A empresa sabia da contaminação. Funcionários do governo norte-americano também sabiam da contaminação. Todos resolveram encobrir o crime e o medicamento continuou sendo vendido. Qual o problema de um monte de gente morrer quando isso dá dinheiro? Não é correto?

As pessoas deixaram de ir no hospital para formarem fila na porta do Clube de Compras Dallas. Todos entenderam que o “Kit Aids” funcionava, afinal, parou de morrer gente.

Ninguém jamais foi penalizado por tudo que ocorreu durante a AIDS. E por isso, nenhuma reforma na ciência médica foi feita. Ninguém se importou porque a imensa maioria dos mortos pela doença eram homossexuais. E ninguém se importa quando homossexuais morrem.

A epidemia seguinte: H1N1

Está tudo documentado. A distorção da ciência por lucro, que ocorreu com a AIDS, se repetiu na pandemia de H1NI, em 2009. “Às vezes, você tem a sensação de que existe toda uma indústria quase esperando a ocorrência de uma pandemia”, previu o epidemiologista Tom Jefferson, especialista da Cochrane, em uma entrevista para a Der Spiegel, a principal revista da Alemanha.

“A OMS e autoridades de saúde pública, virologistas e empresas farmacêuticas. Eles construíram esta máquina em torno da pandemia iminente. E há muito dinheiro envolvido, e influência, e carreiras, e instituições inteiras! E basta um desses vírus da gripe sofrer uma mutação para iniciar a moagem da máquina”, complementou.

Segundo reportagem do The Guardian, da Inglaterra, foi exatamente o que ocorreu: “Os cientistas que elaboraram as principais diretrizes da Organização Mundial da Saúde aconselhando os governos a estocar medicamentos no caso de uma pandemia de gripe já haviam sido pagos por empresas farmacêuticas que lucravam”.

“Os tentáculos da influência da indústria farmacêutica estão em todos os níveis do processo de tomada de decisão”, disse, na época, Paul Flynn, o parlamentar trabalhista que faz parte do comitê de saúde do conselho. “Muitas nações adotaram essa orientação, incluindo a Grã-Bretanha. Em 2005, o governo disse que havia começado a comprar em massa o medicamento Tamiflu”, conta o Guardian.

“No ano anterior, Hayden (um dos cientistas citados na reportagem) também foi um dos principais autores de um estudo patrocinado pela Roche que afirmava o que se tornaria um dos principais argumentos de venda do Tamiflu”, explica a reportagem.

Segundo a BMJ, um dos mais conceituadas revistas médicas do mundo, na hora de vender vacinas para a H1N1, a indústria não se importou com segurança, mas apenas com lucros: “Houve relatórios internos de segurança mostrando uma taxa mais alta de eventos adversos graves registrados em relação a uma das vacinas, Pandemrix, mas esses relatórios não foram compartilhados ativamente com o público, e a vacina continuou a ser promovida até 2010”.

Os dados reais só vieram depois de um processo judicial: “Foi necessário um processo legal para que os relatórios de segurança interna da GSK fossem divulgados e um revisor diligente, Tom Jefferson, estudasse e comparasse as taxas de eventos adversos. Ao fazer isso, ele ‘simplesmente caiu da cadeira'”, informa a BMJ.

Em 2015, um relatório mostrou a influência excessiva do setor farmacêutico na Comissão Europeia em Bruxelas, reportou o Le Monde. “A resposta da OMS causou medo generalizado e desnecessário e levou países ao redor do mundo a desperdiçar milhões de dólares”, informou reportagem do Washington Post.

Desde a AIDS até os dias atuais. O que mudou?

Dos anos 80 para cá, o poder da indústria aumentou exponencialmente a ponto da BMJ perguntar se os órgãos reguladores, que fazem as recomendações de terapias (e que a população entende como a decisão final do que é ou não eficaz), foram comprados pela indústria farmacêutica. Usando o termo “corrupção institucional”, o artigo cita quanto desses órgãos são, atualmente, financiados pela indústria: Austrália (TGA): 96%. Europa (EMA): 89%. Reino Unido (MHRA): 86%. Japão (PMDA): 85%. EUA (FDA): 65%.

De lá para cá, o lobby da indústria farmacêutica tornou-se o maior do mundo, três vezes maior do que a indústria do petróleo. Segundo artigo da BMJ, a medicina baseada em evidências se tornou uma “ilusão”, porque a indústria corrompe tudo: pesquisas, academia, governos e os periódicos científicos. “Os críticos da indústria enfrentam rejeições de jornais, ameaças legais e a potencial destruição de suas carreiras”, explicam os autores sobre os que ousam discordar. E de fato, isso virou uma prática comum. Segundo a CBS News, a Merck criou uma lista de alvos para “destruir”, “neutralizar” ou “desacreditar” médicos que criticavam o Vioxx, um medicamento aprovado e carimbado que matou dezenas de milhares.

Em 2005, Richard Smith, editor da BMJ por 25 anos, explicou que “Revistas médicas são uma extensão do braço de marketing das empresas farmacêuticas“. O artigo dá uma receita de bolo de como a indústria enterra drogas que atrapalham interesses comerciais, como fazer estudos com doses altas ou baixas demais, para manipular o resultado. O artigo cita uma frase recente de Richard Horton, editor da Lancet: “Os periódicos se transformaram em operações de lavagem de informações para a indústria farmacêutica”.

De lá para cá, segundo o Washington Post, a Pfizer escondeu eficácia de medicamentos contra o mal de Alzheimer quando perdeu a patente. Afinal, não dava lucro. A mesma Pfizer, que dobrou seu lucro em 2021 e espera alcançar uma receita de até US$ 100 bi este ano, pagou a multa empresarial mais alta da história: R$ 2,3 bi, em 2009, segundo o Departamento de Justiça dos EUA. O pecado? Marketing fraudulento.

E não é só a Pfizer. Um estudo recente do JAMA observou que as empresas farmacêuticas pagaram US$ 33 bilhões em multas por atividades ilegais entre 2003 e 2016. Nos últimos 20 anos, o complexo farmacêutico, com a crise dos opióides, matou apenas 500 mil pessoas por lucro. “Eles ceifam mais vidas do que acidentes de trânsito e até mais do que ferimentos à bala”, disse o jornalista americano Patrick Radden Keefe em uma entrevista para a BBC. A reportagem afirma que ainda hoje essa epidemia viciante segue matando cerca de 136 pessoas por dia, de acordo com o CDC.

Além de tudo isso, a FDA, segundo a Scientific American, aprendeu a controlar a imprensa. “Os cães de guarda estão se transformando em cães de colo”, afirmou o artigo. E os gastos com publicidade, trazendo a mídia para seu lado? Segundo a JAMA, dobraram nos EUA entre 1997 e 2016, chegando a impressionantes US$ 30 bilhões por ano. Por tudo isso, a área da Universidade de Harvard que cuida de ética, recomenda não confiar na FDA, porque suas aprovações e indicações são, basicamente, trocas de patentes, com foco em ajudar as indústrias farmacêuticas em seus negócios.

“90% de todos os novos medicamentos aprovados pelo FDA nos últimos 30 anos são pouco ou nada mais eficazes para os pacientes do que os medicamentos existentes”, afirma o artigo. Os autores explicam que a segurança das drogas aprovadas é um mito: “Toda semana, cerca de 53.000 hospitalizações em excesso e cerca de 2.400 mortes em excesso ocorrem nos Estados Unidos entre pessoas que tomam medicamentos prescritos adequadamente”.

Campanha para que “Clube de compras Dallas” não seja assistido

Em todas as pandemias, a indústria farmacêutica só pensou em lucro, não em salvar doentes? Sim. Exatamente isso. Não falhou nenhuma vez. Algo diferente, hoje, seria inédito. Além disso, nos intervalos entre as pandemias, escondeu eficácia de medicamentos, vendeu outros mortais apenas por lucro, e perseguiu quem denunciava.

A situação ficou ainda mais fácil para a big pharma durante a COVID-19 do que na época do filme para combater medicamentos baratos, genéricos e sem patentes, com objetivo de vender suas soluções caras e patenteadas, deixando os doentes morrerem por lucro? Sim. O domínio ficou bem maior, com muito mais dinheiro.

Desde o início da COVID-19, usando medicamentos como ivermectina e hidroxicloroquina, zinco, vitaminas, entre outros, o médico brasileiro Dr Flavio Cadegiani tratou 3.711 pacientes com nenhum óbito. Nos EUA, com basicamente o mesmo cocktail, o Dr George Fareed e Dr Brian Tyson trataram nos primeiros dias de sintomas, 3.962 pacientes com o mesmo ótimo resultado, sem ninguém morrer. Dos 413 pacientes que chegaram após a fase inicial da doença, com mais de cinco dias de sintomas, a dupla norteamericana teve apenas três óbitos. Na França, o Dr Didier Raoult, também com os mesmos medicamentos, tratou 8,315 pacientes com apenas cinco óbitos. Diversos outros médicos tiveram resultados semelhantes.

Para mim, que tenho um pensamento simples, a eficácia dos cocktails desses médicos é inequívoca, afinal, não morreu quase ninguém. Em minha conta de padaria, são 16.401 pacientes e 8 óbitos. Isso dá, segundo a minha matemática, uma taxa de fatalidade de 0,05%. Nos EUA, hoje, já são 101,5 milhões de infectados. Destes, 1.111.559 morreram. Na minha conta, se todos tivessem sido tratados por esses cocktails, seriam apenas 55.578 mortos. Portanto, apenas nos EUA, 1.055.981 mil pessoas teriam sido salvas.

Mas o The Guardian, um dos mais importantes jornais da europa, diz que o assunto ivermectina e hidroxicloroquina contra a COVID-19 é “teoria da conspiração”. No Brasil, a USP – Universidade de São Paulo, a principal da América Latina, também afirmou que é uma teoria de conspiração, afinal, a FDA não recomenda esses medicamentos.

Ao mesmo tempo, todo mundo conhece a frase do filósofo Karl Marx, que certa vez, disse: “A história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”.

Acontece que qualquer pessoa comum que assistiu ao filme, conhece a frase de Marx, acompanhou o que fez a indústria durante a AIDS até os dias atuais, acompanhou a COVID-19 e soube dos resultados dos médicos que tratavam, hora ou outra, acaba concluindo: “É apenas a história está se repetindo, de novo”. E dizer isso, hoje, ao que parece, é considerado “teoria de conspiração”.

Mas eu não sou um especialista para saber se funcionou só porque quase ninguém morreu com os cocktails desses médicos. Eu penso de modo simples, igual a um caubói eletricista. Ou talvez a “teoria de conspiração” seja a frase de Marx, e a história, na verdade, jamais se repete! Provavelmente isso. História se repetir? Um absurdo sem tamanho! Impossível. Um nonsense dizer isso!

Portanto, é melhor que ninguém assista ao filme, gerando pensamento crítico. Para que pensamento crítico? Além disso, eu não teria motivos para duvidar de checadores de fatos patrocinados pelas fabricantes de vacinas dizendo que esses medicamentos não funcionam, não é mesmo?

A frase de Karl Marx não dá para cancelar. Já está na cabeça de todo mundo. É de conhecimento popular. Por sorte, o filme, durante toda a pandemia, não ficou disponível na Netflix, o principal serviço de streaming do mundo. Mas não estar disponível na Netflix não é o suficiente para que ninguém assista e conclua uma teoria de conspiração que a história se repete.

Portanto, já que a história jamais se repete, agora estou lançando uma campanha mundial pelo cancelamento dos três prêmios Oscar do Filme.

Infelizmente, apenas Matthew McConaughey, Jared Leto, e o responsável pela maquiagem serão punidos. O diretor do filme, o canadense Jean-Marc Vallée, não poderá ser também penalizado com o rigor necessário. Logo após o lançamento das vacinas COVID-19, Vallée, um entusiasta de maratonas, teve uma morte súbita.

Mortes súbitas estão ocorrendo no mundo. Segundo um dos principais jornais da Austrália, o fenômeno está “incrivelmente alto”, mas os cientistas já explicaram: o culpado é o aquecimento global. Ufa!

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Assista ao trailer do filme

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