Os eminentes cientistas da área médica, o médico endocrinologista Flávio Cadegiani e o médico infectologista Ricardo Zimerman, que enfrentaram numerosos desafios e adversidades em seu trabalho, foram honrados pela Academia Brasileira de Ciências, Artes, História e Literatura (ABRASCI) na última sexta-feira, dia 15. Agora, eles são acadêmicos imortais no colegiado de Ciências Médicas da ABRASCI, ocupando as cadeiras 43 e 77, respectivamente.

Durante a pandemia, ambos contribuíram significativamente com uma série de artigos científicos, seja em colaboração ou individualmente. Isso aconteceu em um momento em que a liberdade de expressão estava sob ameaça, mas a busca pelo conhecimento não foi detida.

Antes da pandemia, Flávio Cadegiani já conduzia pesquisas promissoras sobre fadiga crônica. Com a chegada da Covid-19 e da Síndrome Pós-covid, suas descobertas se consolidaram. Em vez de recuar diante das adversidades, ele intensificou sua produção científica. O mesmo comprometimento foi compartilhado por Ricardo Zimerman, que liderou uma equipe multidisciplinar na análise de variantes do SARS-COV-2 e no estudo dos resultados práticos do uso de medicamentos reposicionados. Juntos, eles exploraram a teoria antiandrogênica, que poderia explicar o aumento das taxas de mortalidade por Covid em certos grupos, especialmente em homens calvos e mulheres hirsutas (com excesso de pelos).

O estudo mais notável dessa teoria foi aquele relacionado à proxalutamida no tratamento da Covid-19, que revelou brutal redução de mortalidade nos pacientes que receberam o medicamento em comparação com o grupo que recebeu o placebo. Infelizmente, essa pesquisa enfrentou perseguições e deturpações injustificadas, inclusive por pessoas encarregadas de proteger a integridade da pesquisa científica. Posteriormente, os estudos de Cadegiani e Zimerman foram confirmados por pesquisadores do exterior.

Em uma inversão de valores chocante, as acusações infundadas levaram à abertura de investigações judiciais, com a Polícia Federal envolvida e mandados de busca e apreensão, que resultaram na apreensão de pertences pessoais dos cientistas. Uma das alegações infundadas era de “contrabando de medicamentos”. Em outra acusação, disseram que os placebos não eram placebos, mas sim veneno, e disso veio o resultado do estudo. Contudo, depois de uma análise laboratorial, a Polícia Federal concluiu que os placebos eram realmente placebos. 

Apesar de seus sucessos notáveis, tanto no tratamento de pacientes quanto em suas pesquisas, as acusações começaram a tomar maior proporções, algumas das quais tinham claro cunho  ideológico. Por exemplo, o Dr. Cadegiani foi indiciado junto com vários outros profissionais, médicos e não médicos, durante a CPI da pandemia por crime inexistente no Código Penal. O Dr. Zimerman enfrentou problemas em seu Conselho Regional e foi demitido de hospitais onde trabalhava, uma situação inimaginável para um médico de renome nacional. E isso ocorreu mesmo após Zimerman ter baixado a taxa de mortalidade em hospitalizados COVID-19 do Hospital da Brigada Militar de Porto Alegre para a menor taxa do Brasil. Por lá, a taxa foi de 12,6%. A média dos hospitais do Brasil é de 38%.

No entanto, finalmente, eles foram inocentados de todas as acusações, tanto das infrações éticas nos Conselhos Regionais quanto às acusações na justiça comum do estado do Rio Grande do Sul.

A perseguição aos cientistas foi, na realidade, uma perseguição à ciência, um episódio que pode ter acelerado o reconhecimento do valor dos médicos cientistas. A cadeira 77, agora ocupada pelo Dr. Zimerman, tem como patrono o Dr. Alexandre Yersin, o descobridor do agente causador da peste bubônica. A cadeira 43, de propriedade do Dr. Cadegiani, já foi ocupada por um dos maiores endocrinologistas do país, o Dr. Marcello Bronstein.

O MPV parabeniza esses cientistas excepcionais! A Ciência Brasileira está em festa!


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