A Prevent Senior é uma operadora de saúde com origem em São Paulo que se notabilizou por conseguir oferecer um serviço de qualidade com preços menores que os concorrentes, principalmente para a terceira idade, o foco principal de seus planos.

A base para isso foi a atuação na prevenção e uso da tecnologia para acelerar atendimentos, fazendo com que todas as doenças fossem tratadas mais precocemente, reduzindo assim os custos de agravamentos. Tornou-se um case internacional de empresa de sucesso, contando com mais de 500 mil clientes satisfeitos e bem atendidos.

Com a chegada da pandemia de COVID-19, logo no começo, por terem a maioria de clientes idosos, do grupo de risco, os médicos da empresa buscaram, de modo ativo, as melhores evidências científicas de tratamentos. No começo existiam poucas possibilidades. A mais promissora surgiu em março de 2020. Foi a proposta de tratamento feita pelo premiado professor francês Didier Raoult, o maior especialista do mundo em doenças transmissíveis, com mais de 3 mil publicações científicas revisadas por pares. Seu primeiro estudo, provisório, entendido apenas como uma hipótese, com apenas seis pacientes no braço tratamento, foi divulgado em 17 de março de 2020.

Sua base era a hidroxicloroquina em conjunto com o antibiótico azitromicina. Poucas semanas depois, em abril de 2020, através de um médico dos EUA, Dr Vladimir Zelenko, mais números positivos da hidroxicloroquina em conjunto com a azitromicina foram apresentados. Zelenko adicionou zinco a este cocktail. Em relatos anedóticos, Dr Zelenko observou resultados positivos, com muitos pacientes tratados e sem óbitos. Posteriormente, o médico norteamericano publicou seu estudo, revisado por pares, alegando uma redução da necessidade de hospitalizações em 80%. Este estudo é observacional, um nível mais baixo de evidência científica.

Com esses relatos promissores, mais excelentes relatos observacionais, a Prevent Senior começou a tratar pacientes usando o conjunto de medicamentos. Entretanto, na mídia, chamaram o cocktail proposto por Raoult como “kit covid”, de modo pejorativo, e repetiam, algo que ocorre até hoje, que tudo não passava de algo “sem comprovação científica”.

Politização, CPI e possível guerra comercial

As possibilidades de tratamentos da Covid foram extremamente politizadas. Com isso, o caso Prevent Senior foi parar até na CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito, que visava investigar a pandemia. O jornalista Luis Nassif, em seu portal, fez um análise profunda sobre o dossiê com as denúncias envolvendo a empresa.

Nas conclusões, Nassif viu uma guerra comercial. “Quando a Covid explodiu, pegou o sistema hospitalar de guarda baixa. A Prevent foi uma das mais afetadas, justamente por ter o público mais idoso. Mandetta – homem da Unimed – viu a oportunidade de destruir um inimigo incômodo já que a Prevent expunha de forma ampla a ineficiência do sistema: conseguia atender público idoso com mensalidades de até metade do valor dos outros planos, com atendimento de bom nível e sem abrir capital, e tendo lucro”, afirmou.

“Um eventual enfraquecimento da Prevent, se se tornasse irreversível, obrigaria a empresa a ser vendida para outro grupo e outra marca, em um mercado em que há gigantescas inversões de recursos para a consolidação de grupos de saúde. Apenas com as operações de venda de participação do grupo D´Or, o BTG Pactual embolsou mais de R$ 2 bilhões”, explicou o jornalista.

Em outra análise sobre o caso, Nassif escreveu: “Definitivamente, ele (o plano Prevent Senior) se tornou uma pedra no caminho dos planos de saúde. A ofensiva de Henrique Mandetta, enquanto Ministro, contra ela diz muito, sendo ele um representante do sistema Unimed e dos planos de saúde convencionais”, afirmou.

Escandalização pela mídia

Em uma posterior análise de uma série, Nassif fez diversas observações interessantes sobre o comportamento da mídia em relação a linchamentos públicos. “Sempre me impressionaram esses movimentos de opinião pública, nos quais cidadãos pacatos se transformam em terríveis vingadores, desejando a morte e a destruição do alvo”, afirmou.

Na sequência, ele contou alguns casos de outras guerras comerciais, e em relação ao caso da operadora de saúde, reforçou: “Além de atender a essa clientela, a Prevent é uma pedra no sapato de todo o sistema, ao escancarar os preços abusivos dos demais planos. E um sistema que, nos últimos tempos, se tornou um dos principais anunciantes dos grupos de mídia”.

Prevent Senior já foi inocentada em inquérito da Polícia Civil

Já fora do massacre midiático, em notícia recente, de abril deste ano, a Prevent Senior foi inocentada por um inquérito. “Polícia Civil de São Paulo concluiu inquérito que investigava a Prevent Senior por recomendar o chamado ‘kit Covid’, com medicamentos sem eficácia comprovada, a pacientes infectados”, explicou a notícia.

“Na visão deste delegado de polícia, não foram encontrados elementos informativos caracterizadores de ilícito penal praticados pelos funcionários da operadora de saúde, nem por médicos, nem ex-funcionários desta denunciados por violação do dever funcional”, concluiu o documento.

Na sequência, a notícia publicada no Portal UOL informava: “MP-SP segue com investigação contra a Prevent Senior após Polícia isentar plano“.

Operadora volta à tona

Recentemente, a TV Globo foi indicada ao prêmio Emmy Internacional de Jornalismo pela cobertura do caso Prevent Senior, fazendo o caso voltar aos noticiários. Tanto o dominical Fantástico quanto o Jornal Nacional concorreram pela cobertura televisiva. A justificativa foi a de sempre: “Nossas equipes denunciaram que a Prevent Senior usou medicamentos sem eficácia comprovada contra a COVID-19 no tratamento de pacientes”.

A origem da polêmica

Não cabe a nós, do MPV – Médicos Pela Vida, fazermos uma análise de possíveis guerras comerciais, lutas entre concorrentes e jogadas de grandes corporações. Não cabe a nós também a análise de possíveis erros administrativos reais que a operadora possa ter feito, ou avaliarmos supostas violações em relações trabalhistas, algumas das acusações contra a operadora.

Entretanto, cabe a nós analisarmos a origem de toda a polêmica, o ponto inicial de toda a campanha de difamação contra Prevent Senior, o que gerou o início da onda de linchamento público da empresa: a acusação, que colou na mente das pessoas, de que o tratamento com hidroxicloroquina contra a COVID-19 é “sem eficácia comprovada”,  ou “sem comprovação científica”, frases repetidas ininterruptamente pela mídia durante toda a pandemia.

Em nossa análise, a partir dessa afirmação, tornou-se válido todos os tipos de ataques, com acusações reais ou não, contra a Prevent Senior ou qualquer outro hospital ou médico independente que ouse tratar pacientes acometidos por COVID-19 com os medicamentos. E isso foi algo generalizado, em todos os países ocidentais, no círculo de influência da OMS e das megaempresas farmacêuticas.

Diversos médicos e hospitais, durante toda a pandemia, foram perseguidos. Nos EUA, o conceituado Instituto Henry Ford deu hidroxicloroquina para seus pacientes. Viu resultados bastante positivos e publicou isso em um estudo, mas foram proibidos de continuar usando o medicamento pela FDA, a poderosa agência de saúde estadunidense.

Na França, o professor Didier Raoult, que tratou 8.315 pacientes COVID e teve apenas 5 óbitos, não escapou dos ataques. Ele chegou a ser ameaçado de morte. Uma investigação chegou ao chefe de departamento do Hospital Universitário de Nantes, um pesquisador ligado às grandes indústrias farmacêuticas. Raoult processou o autor das ameaças na justiça e venceu

Nos EUA, um dos mais respeitados e publicados cardiologistas do mundo, Dr. Peter McCullough, por produzir estudos com o medicamento, está sob fogo do Conselho Americano de Medicina Interna (ABIM), que está ameaçando cassar sua licença médica.

São incontáveis os casos de perseguição a médicos e cientistas dissidentes que romperam com a narrativa imposta pelas poderosas empresas que dominam o setor. Um relato geral sobre como isso é corriqueiro vem de um editorial recente publicado na BMJ – British Medical Journal, um dos mais antigos e prestigiados periódicos científicos do mundo, no artigo “A ilusão da medicina baseada em evidências“.

“Enquanto as universidades falham em corrigir deturpações da ciência de tais colaborações, os críticos da indústria enfrentam rejeições de periódicos, ameaças legais e a potencial destruição de suas carreiras”, afirma o artigo da BMJ.

Afinal, quais são as evidências atuais da HCQ?

Nossa análise, a partir de agora, abordará a origem, o cerne da questão na Prevent Senior, que levou aos desdobramentos e outros ataques ao grupo: as evidências da hidroxicloroquina para combater a pandemia.

Em tratamento precoce, com até cinco dias de sintomas para entrar com a medicação, o uso da Prevent Senior contra a COVID-19, medindo mortalidade, existem atualmente 15 estudos. Todos, por unanimidade, trazem resultados positivos para os pacientes que receberam hidroxicloroquina.

Tabela: Na primeira coluna, na esquerda, o nome do principal autor de cada estudo. Na segunda coluna, a porcentagem de redução de mortalidade medida. Na última linha, abaixo, a soma total dos estudos. Entre as 19.762 pessoas tratadas, foram apenas 86 óbitos. Entre as 32.978 pessoas que não receberam a medicação, foram 841 óbitos. A redução total constatada é de 72%.

Entretanto, esses estudos acima não são o “padrão ouro”, os randomizados e duplo cego. São estudos observacionais. De qualquer modo, estudos observacionais comprovam, sim, eficácia de medicamentos, afinal, historicamente, os estudos padrão ouro coincidem seus resultados com os observacionais, principalmente quando a eficácia é alta, acima de 8%. É o que explica o estudo de Andrew Anglemeyer, epidemiologista da Universidade de Otago, na Nova Zelândia. Seu estudo, revisado por pares e publicado em 2014 na ​​Cochrane Library, concluiu que não existem diferenças significativas de resultados entre estudos observacionais e o “padrão ouro”.

Contudo, existem hoje, também, seis estudos “padrão ouro”, de tratamento precoce com a hidroxicloroquina.

Os estudos “padrão ouro” da HCQ em tratamento precoce

Aqui, abaixo, estão todos os estudos “padrão ouro”, controlados por placebo, avaliando a hidroxicloroquina em tratamento ambulatorial contra a COVID-19. Eles não são limitados em poucos dias de sintomas, mas são em tratamento ambulatorial, com alguns chegando em até 8 dias de sintomas.

Infelizmente, até hoje, com mais de dois anos de pandemia, não foi feito nenhum estudo como o realizado com o patenteado Paxlovid, que incluiu um grande número de pacientes e, no máximo, até 3 dias(!) de sintomas, a janela de ouro dos tratamentos antivirais.

Entretanto, dos seis estudos existentes ambulatoriais, todos, por unanimidade, são positivos para o desfecho da diminuição da necessidade de hospitalização. Em cada estudo, os pacientes que tomaram hidroxicloroquina se saíram melhor do que os pacientes que tomaram placebo.

Meta-análise de HCQ sobre o risco de hospitalizações feita por Daniel Tausk, professor da USP. Os dados foram extraídos de Avezum et al. (uma correção foi feita nos dados de Johnston e foi acrescentado Omrani — Schwartz foi removido já que inclui pacientes com até 12 dias de sintomas). Em cada linha, os autores dos estudos. Na barra vertical, o risco relativo. Todos os estudos estão à esquerda da barra vertical, todos, portanto, isoladamente, tendendo para a eficácia.

Johnston: risco de hospitalização 29,9% menor. No grupo tratamento, 5 de 148 (3,4%), precisaram ser hospitalizados. No controle, 4 de 83 (4,8%). A inscrição foi uma mediana de 5,9 dias após o início dos sintomas (6,2 e 6,3 nos braços de tratamento). (link para o estudo).

Skipper: não está muito clara a quantidade de tempo após o início dos sintomas, mas é tratamento ambulatorial. Um autor relata que o tempo de início do tratamento não foi registrado. Supostamente seriam até 4 dias de sintomas, mas foram incluídas 6 pessoas que se inscreveram além desse tempo, embora não correspondam aos critérios de inclusão do estudo, reduzindo assim a eficácia. Risco de hospitalização 49,4% menor. No grupo de tratamento, foram 4 de 231 internados, (1,7%), e no controle, 8 de 234 (3,4%). (link para o estudo).

Reis: embora o título do estudo diga “tratamento precoce”, o tratamento foi relativamente tardio, com a maioria dos pacientes com mais de 5 dias do início dos sintomas. Risco de hospitalização 24,0% menor. No grupo tratamento, 8 de 214 (3,7%) precisaram ser hospitalizados. No controle, 11 de 227 (4,8%). (link para o estudo).

Mitja: este artigo tem valores conflitantes, a tabela S2 mostra 12 internações de controle, enquanto a tabela 2 mostra 11. No título, o artigo fala em “tratamento precoce”, mas o atraso do tratamento é desconhecido neste momento. Eles relatam um atraso de até 120 horas após os sintomas mais um atraso adicional não especificado onde a medicação foi fornecida aos pacientes na primeira visita domiciliar. Risco de internação 16,0% menor. No grupo tratamento, 8 de 136 (5,9%). No grupo controle 11 de 157 (7,0%). (link para o estudo).

Avezum: risco de hospitalização 23,5% menor. Foram, no grupo tratamento, 44 de 689 (6,4%), e no grupo controle, 57 de 683 (8,3%). Este estudo possui uma análise de subgrupo verificando a eficácia dos pacientes que iniciaram a medicação com menos de 4 dias de sintomas, mostrando, neste grupo, valores maiores: 40,0% de redução de necessidade de hospitalizações entre esses pacientes. (link para o estudo).

Omrani: eram pacientes de relativo baixo risco, reduzindo o contraste entre os grupos tratamento e placebo. Risco de internação 12,5% menor. No grupo tratamento, 7 de 304 (2,3%) precisaram ser internados. No grupo controle, 4 de 152 (2,6%). (link para o estudo).

O gráfico de meta-análise acima, analisando as necessidades de hospitalizações nos estudos “padrão ouro”, foi feito por Daniel Tausk, professor de matemática da USP. O p-valor, medida estatística de meta-análises, que são estudos de estudos, ficou em 0.06. Exatamente na margem da significância estatística.

Tausk fez outra observação, explicando que os artigos possuem significância estatística mais que o suficiente: “Skipper avaliou redução de severidade de sintomas. Era o desfecho primário. Entre os pacientes que tomaram ao menos 75% dos comprimidos, a redução foi de 19.5% com p-valor=0.022. É o único desses artigos olhando para severidade”, afirmou.

Por fim , os estudos “padrão ouro”, trouxeram exatamente os resultados esperados, previstos pela ciência, confirmando os estudos observacionais.

Hidroxicloroquina em profilaxia

Já em profilaxia pré-exposição, também baseado em estudos “padrão ouro”, os dados concluem que a eficácia é significativa. É o que diz o estudo “Systematic review and meta-analysis of randomized trials of hydroxychloroquine for the prevention of COVID-19“, revisado por pares e publicado no prestigiado periódico European Journal of Epidemiology, de alto impacto. A meta-análise, o nível mais alto de evidência científica, foi feita por pesquisadores de Harvard, uma das mais conceituadas universidades do mundo. No site do MPV, nós publicamos uma notícia relatando os resultados deste estudo, além de uma resposta a checadores de fatos e outra, a pesquisadores que se confundiram na leitura do estudo.

Meta-análise feita pelos pesquisadores de Harvard. Todos os estudos “padrão ouro”da HCQ em profilaxia pré-exposição são positivos para os que tomaram o medicamento.

Conclusão MPV

A Prevent Senior acertou ao tratar pacientes com hidroxicloroquina desde o início, inclusive montando um cocktail com azitromicina e zinco, que aumenta a eficácia. Acertaram ao iniciar mesmo quando as evidências eram poucas, mas pela segurança dos medicamentos, já valia a pena. Com isso, salvaram muitas vidas. 

O profundo conhecimento científico da equipe da Prevent Senior colaborou. Eles já sabiam que raramente estudos observacionais, os poucos disponíveis, e prévios, na época que iniciaram, seriam “desmentidos” em estudos “padrão ouro”. De fato, hoje, todos os estudos randomizados, duplo cego, trouxeram resultados positivos para os pacientes que tomaram a medicação em vez do placebo.

E iniciar o tratamento, durante uma pandemia, antes dos níveis mais altos de evidência, é ético e correto. Em artigo de 2017, o cientista Thomas Frieden, nomeado diretor do CDC, órgão norteamericano, por Barack Obama, argumentou em seu artigo científico, publicado na New England Journal of Medicine, que as decisões públicas sobre tratamento não devem ser tomadas com base em RCTs. Frieden comentou sobre os custos cada vez mais altos dos estudos “padrão ouro”, além da demora na execução dessas pesquisas. “Essas limitações também afetam o uso de RCTs para questões urgentes de saúde, como surtos de doenças infecciosas”, afirmou. A Prevent Senior, portanto, seguiu a ciência.

A grande mídia, depois de produzir uma guerra insana, sem sentido, contra as medicações enquanto as evidências científicas mais sólidas ainda eram produzidas, não pode, obviamente, voltar atrás. Seria uma confissão de culpa por terem afastado os doentes de tratamentos seguros e eficazes, guiando centenas de milhares de pessoas para a morte. Chegaram a usar o termo “cobaias humanas” para detratarem a empresa e o tratamento. Nesta situação, esses órgãos de comunicação não podem dar voz aos que explicam, racionalmente   porque sempre valeu a pena, desde o início da pandemia, o tratamento com medicamentos reposicionados.

Entretanto, ao contrário da mídia, juízes de direito julgando qualquer ato da Prevent Senior não podem deixar de ouvir a defesa da operadora. É o amplo direito de defesa. E os dados científicos rigorosos revelam: eficácia e segurança. Foram heróis.


 

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