Na semana passada, um estudo publicado no New England Journal of Medicine (NEJM) trouxe à tona descobertas preocupantes sobre o Paxlovid. Os autores concluíram, e citamos diretamente: “O tempo para o alívio sustentado de todos os sinais e sintomas de COVID-19 não diferiu significativamente entre os participantes que receberam nirmatrelvir–ritonavir (Paxlovid) e aqueles que receberam placebo”. Esta constatação coloca em dúvida a eficácia do Paxlovid no tratamento da COVID-19.
Além disso, é importante destacar que este estudo foi financiado pela própria Pfizer e foi concluído em julho de 2022. No entanto, por razões não reveladas, a publicação foi adiada por dois anos, coincidentemente após a ampla comercialização do caro medicamento patenteado.
Mais preocupante ainda são os sintomas de rebote observados, que têm ocorrido 25 vezes mais frequentemente do que o anunciado previamente. Isso sugere que não apenas o Paxlovid tem nenhuma ou apenas uma eficácia marginal, mas também pode causar efeitos adversos significativos nos pacientes.
Além disso, é chocante constatar que este medicamento já custou aos contribuintes norte-americanos US$ 12,6 bilhões. No Brasil, onde cada paciente custa R$ 5 mil, essa despesa é ainda mais alarmante.
Diante desses fatos, é imperativo que o governo interrompa imediatamente a compra e distribuição do Paxlovid pelo SUS. O dinheiro público do SUS deve ser utilizado de maneira inteligente e eficaz, especialmente considerando as limitações financeiras crônicas enfrentadas pelo sistema de saúde brasileiro.
É irônico lembrar que, inicialmente, no início de 2022, a Pfizer anunciou, em um estudo publicado também na NEJM, que este medicamento tinha uma eficácia de 89% no risco de hospitalização ou morte. Logo na sequência, anunciou, em um comunicado de imprensa, que a eficácia baixou para 70% em uma análise interna de um segundo estudo.
Talvez seja por isso que tenha havido essa demora de dois anos para a publicação deste estudo atual, que traz alguns números positivos, mas marginais e sem significância estatística. “O grupo tratado teve a mediana do tempo até alívio dos sintomas um dia menor do que o controle, mas o resultado não tem significância estatística. De maneira geral, o grupo tratado se saiu melhor que o controle, mas os efeitos estimados ou são pequenos ou envolvem números muito baixos de eventos que levam a estimativas com margens de erro enormes. Embora esses dados sugiram algum efeito positivo do tratamento, a eficácia alta que víamos no primeiro estudo randomizado parece ter desaparecido. Para um tratamento tão caro o resultado é muito decepcionante”, explicou o professor Daniel Tausk, da USP, sobre os resultados.
Em vez de investir em tratamentos de eficácia duvidosa e dispendiosos como o Paxlovid, o MPV – Médicos Pela Vida, recomenda a promoção de intervenções comprovadamente eficazes e acessíveis. Um exemplo é a suplementação de vitamina D, que demonstrou reduzir significativamente as mortes e casos de COVID-19 grave. Além disso, já demonstrou reduzir COVID longa, um problema que se torna cada vez mais frequente. Vale ressaltar que a vitamina D não possui patentes e é economicamente acessível para a população em geral e para o sistema público de saúde, custando uma pequena fração dos valores do Paxlovid.
Neste momento crucial, instamos nossos governantes a tomarem medidas imediatas, baseadas nas mais recentes evidências científicas e sem conflitos de interesses políticos e econômicos para revisar suas políticas de saúde e garantir que os recursos limitados sejam alocados de maneira prudente e eficaz para enfrentar os desafios da COVID-19.
Fonte
Leia mais
Baixos níveis de vitamina D estão associados à Covid longa, diz estudo