A intenção da série de matérias que iniciaremos em breve na seção “Checagem de Fatos” é de apenas clarear a mente; remover a mentira, o engano ou o erro, porque são sempre criações ou deformações mentais, fáceis de serem removidas desde que haja humildade, sinceridade e busca pela verdade. Depois de ler esta série ou de ser confrontado por ela, muitos vão questionar, como Pilatos: “que é a verdade?”. Ou começando com “verdade ou não, o fato é que…” e assim defenderão a primazia da ideologia à realidade tornando evidente que existe uma doença na sociedade que justifica e valoriza psicopatas e histéricos.

O que é mentira?

Definição de “mentira” segundo o dicionário Aulete: “Afirmação que não corresponde à verdade, feita com a intenção de enganar; falsidade; fraude”.

O que é desinformação?

A palavra ‘desinformação’, cunhada pelo Estado-Maior alemão na I Guerra Mundial, surgiu como um termo técnico, designando as operações complexas com que um serviço de inteligência buscava orientar e determinar, à distância, as decisões estratégicas e táticas de um governo adversário. Depois passou a designar meras campanhas de propaganda destinadas a iludir o pobre eleitorado. Hoje, serve para rotular qualquer afirmação que deseje desmoralizar como inexata ou mentirosa. De instrumento de descrição científica, o termo rebaixou-se à categoria de insulto vulgar.

Tecnicamente, desinformação é a veiculação de informação falsa por fontes oficiais ou ditas confiáveis. Serve para reescrever a história manipulando registros, fotos e documentos. É a cultura da mentira. Para que a desinformação funcione ela deve ser construída em torno de um cerne de verdade.

O que é fake news?

Características de uma notícia falsa, de uma ”fake news”: texto alarmista, com informações vagas, sem referências ou fontes confiáveis. E além disso, geralmente pede a censura e a perseguição contra aqueles com posição contrária em vez do debate democrático aberto.

“Uma nação que tem medo de deixar seu povo julgar a verdade e a falsidade em um mercado aberto é uma nação que tem medo de seu próprio povo”, dizia John F. Kennedy, ex-presidente dos EUA.

Notícias intencionalmente falsas existem desde a invenção da mídia, falada, escrita ou de imagens. Naturalmente, por concorrência, empresas de mídia, jornalistas e comunicadores livres – não sustentados financeiramente pelo estado – checam uns aos outros para sobreviverem no sistema de livre mercado. 

“É difícil traçar uma linha precisa que separa o abuso da integridade quando se fala do uso da mídia, por isso nós achamos melhor confiar no discernimento do público em vez de regular a distinção entre o que é verdade e falsidade. E até então o julgamento do público tem exercido esse ofício com uma maravilhosa exatidão”, afirmou Thomas Jefferson, o terceiro presidente dos EUA.

No entanto, no velho mundo, revolucionários franceses argumentavam que a liberdade de imprensa enganava as pessoas e impedia a revolução. Para combater as “fake news” o governo revolucionário passou a financiar determinado jornal como prêmio por não veicular “fake news”. Comprovando-se insuficiente, o governo do povo “foi obrigado” a prender e matar aqueles que se opunham às políticas do governo.

“Os jornalistas são os maiores inimigos da liberdade” – Robespierre. 

“Enquanto existir na França partidos hostis ao Império, a liberdade de imprensa está fora de questão, e o próprio país não quer que isso aconteça” – Napoleão III, 1852.

“Para aproveitar os benefícios que a liberdade de imprensa traz, é necessário estar pronto para lidar com os problemas inevitáveis que ela causa” – Alexis de Tocqueville.

“Os jornais são armas. Eis porque é necessário proibir a circulação de jornais burgueses. É uma medida para a legítima defesa” – Leon Trotski. 

“Por que deveríamos aceitar a liberdade de expressão e de imprensa? Por que deveria um governo, que está fazendo o que acredita estar certo, permitir que o critiquem? Ele não aceitaria a oposição de armas letais. Mas idéias são muito mais fatais que armas” – Vladimir Lênin.

A prática da censura, inclusive da censura judicial, é ilegítima, autocrática e incompatível com o regime das liberdades individuais garantidos pela constituição brasileira. Só o Estado totalitário concebe-se como uma de suas funções interditar a circulação de ideias, a liberdade de pensamento e de expressão e ainda a proibição da razão de ser do jornalismo, qual seja a de pesquisar, investigar, criticar e de relatar fatos e eventos de interesse público.

“Eventuais abusos da liberdade de expressão poderão constituir objeto de responsabilização a posteriori, sempre, porém, no âmbito de processos judiciais regularmente instaurados nos quais fique assegurada ao jornalista ou ao órgão de imprensa a prerrogativa de exercer, de modo pleno, sem restrições, o direito de defesa, observados os princípios do contraditório e da garantia do devido processo legal” – Ministro Celso de Melo, em 18/04/2019.

“O propósito da mídia não é o de informar o que acontece, mas sim moldar a opinião pública de acordo com a vontade do poder corporativo dominante” – Noam Chomsky.

“A concentração das empresas em poucas mãos, aliada à progressiva padronização das mentes dos jornalistas por intermédio do ensino universitário que as forma, reduziu a mídia a instrumento de governo e força uniformizadora da alma popular, sem que ela nada perdesse do prestígio residual de locus communis adquirido em épocas de maior diversidade e franqueza” – Olavo de Carvalho.

O que é pós verdade?

Segunda a Wikipedia: “Pós-verdade é um neologismo que descreve a situação na qual, na hora de criar e modelar a opinião pública, os fatos objetivos têm menos influência que os apelos às emoções e às crenças pessoais. Na cultura política, se denomina política da pós-verdade (ou política pós-factual) aquela na qual o debate se enquadra em apelos emocionais, desconectando-se dos detalhes da política pública, e pela reiterada afirmação de pontos de discussão nos quais as réplicas fáticas — os fatos — são ignoradas. A pós-verdade difere da tradicional disputa e falsificação da verdade, dando-lhe uma ‘importância secundária’. Resume-se como a ideia em que ‘algo que aparente ser verdade é mais importante que a própria verdade’. Para alguns autores, a pós-verdade é simplesmente mentira, fraude ou falsidade encobertas com o termo politicamente correto de ‘pós-verdade’, que ocultaria a tradicional propaganda política”.

Outros

New journalism é a nova (já tem 50 anos!) forma de jornalismo ensinada(!) nas faculdades de jornalismo onde o jornalista mistura fatos com ficção usando sua imaginação para alcançar uma “verdade maior que os fatos”.

Derivado das ideologias da “pós-verdade” e do “New Journalism” surge exemplos como o Projeto Comprova – “jornalismo colaborativo contra a desinformação” –, uma iniciativa da First Draft financiada por fundações bilionárias como a Fundação Ford e a Open Society, de George Soros, até a Google News Initiative e a empresa Meta (ex-Facebook) para criar uma narrativa oficial uniforme determinada por seus financiadores e perseguir, caluniar e censurar cientistas, médicos, intelectuais, jornalistas e cidadãos comuns com maior influência. Atuam também em parceria com políticos que acreditam no Estado forte para controlar e dirigir a sociedade. Acreditam ser a elite iluminada que escraviza a sociedade impedindo e proibindo a liberdade de pensamento e de expressão “para o próprio bem” das pessoas assim doutrinadas.

Para o Wall Street Journal “a censura da Covid provou ser mortal. […] O governo e as empresas de mídia social conspiraram para sufocar os dissidentes que estavam certos” – 

Zuckerberg (Facebook e Instagram) se vitimiza e afirma que o governo Biden o obrigou a censurar informações que depois comprovaram-se serem verdadeiras.

Agora, em outubro de 2023, o governo federal lança programa “em defesa das vacinas e de combate a desinformação”. Para combater a desinformação ideológica que censura, persegue, oprime e coloca vidas em risco é fundamental a posse de argumentos fundamentados na lógica, nos fatos, nas evidências científicas e nas estatísticas. Vamos a eles.

Aguarde os textos da série.