Alexandre Naime, vice-presidente da SBI – Sociedade Brasileira de Infectologia, errou e desinformou a população brasileira ao afirmar que nenhuma entidade médica no mundo recomenda os medicamentos.

“Nenhuma entidade de pesquisa ou nenhuma sociedade médica (…) qualquer organismo internacional relacionado à saúde, apóia, recomenda hidroxicloroquina, ivermectina, colchicina, no tratamento da COVID-19”, foi o que afirmou Alexandre Naime, vice presidente da SBI – Sociedade Brasileira de Infectologia, em reportagem veiculada no Jornal Nacional, da TV Globo, na última sexta-feira, 21.

Logo na sequência, orgulhoso do resultado de sua entrevista, Naime publicou um trecho da reportagem em seu Twitter. Também reproduziu o conteúdo completo em seu canal no youtube. Antes da reportagem, Naime convidava seus seguidores para que assistissem sua entrevista no telejornal.

É verdade o que disse Alexandre Naime?

Não. São dezenas de países que possuem, em seus protocolos nacionais, instituídos por suas respectivas autoridades científicas, tratamentos precoces da COVID-19 utilizando hidroxicloroquina, ivermectina, nitazoxanida, entre outros.

Um exemplo bastante icônico é Cuba, que possui cloroquina em seu protocolo oficial desde sua primeira versão, do início da pandemia. 

Página inicial da sexta e última versão do protocolo Cubano. Faça o Download do documento.

O uso da medicação também é confirmado em estudo de pesquisadores cubanos publicado no periódico científico Journal of Interferon & Cytokine Research.

Conclusão da checagem

Alexandre Naime, vice-presidente da SBI – Sociedade Brasileira de Infectologia, errou e desinformou a população brasileira ao afirmar que nenhuma entidade médica no mundo recomenda os medicamentos. Isso ocorreu em horário nobre, no mais importante telejornal do país.

Com esse erro, há uma ação deletéria: médicos que tratam COVID-19 são classificados, na sociedade, como malucos, negacionistas da ciência e teóricos da conspiração. Afinal, partindo de premissas falsas, esses médicos estariam “lutando sozinhos contra o mundo”, o que não é verdade.

Com os números de Cuba, o Brasil teria poupado 464 mil vidas

Hoje, 23 de janeiro, segundo números oficiais, o Brasil possui 2.899 mortos por milhão. Cuba, que usa cloroquina em seu protocolo oficial sem oposições internas, possui 739 mortos por milhão.

Ou seja, se o Brasil tivesse a mesma proporção de mortos que Cuba, em vez de 622,979 falecidos pela COVID-19, teríamos apenas 158.819 vítimas da pandemia. Portanto, o Brasil teria poupado 464.160 vidas.

Medicina Cubana: exemplo e independente da indústria

Mesmo os críticos do sistema político cubano possuem admiração pela medicina desenvolvida na ilha, voltada à ciência, aos pacientes, e não aos lucros das grandes corporações.

​​O jornalista Jorge Pontual chegou a ser censurado na TV Globo ao relatar sua entrevista com a pesquisadora americana Julia Silver, em notícia publicada no site Pragmatismo Político. Na matéria, Pontual afirma sobre a qualidade da medicina da ilha. “O sistema cubano é uma verdadeira revolução, com o médico vivendo dentro das comunidades”.

Segundo o jornalista, a Organização Mundial de Saúde considera o sistema cubano um modelo a ser seguido. “A Medicina de Cuba é um exemplo para o mundo”, concluiu.

“Cuba é um exemplo autêntico do que verdadeiramente reflete o custo-efetividade das tecnologias implantadas, uma vez que praticamente não sofre influência de interesses econômicos.”, afirma o cientista Dr Flavio Cadegiani, um dos autores do maior estudo do mundo com ivermectina.

Evento da SBI foi patrocinado pela indústria farmacêutica

Lista de patrocinadores do Congresso Infecto 21 (internet archive) possui grandes indústrias farmacêuticas.

Alexandre Naime palestrou recentemente no Infecto 21, congresso médico realizado pela SBI em Goiânia. O evento ocorreu entre 14 e 17 de dezembro do ano passado. Entre os financiadores do encontro estava a Janssen, marca de vacina, como “Patrocinador Ouro”.

A Pfizer também financiou o evento como “Patrocínio Prata”. A Astrazeneca, outra fornecedora, também patrocinou como cota normal. 

A Gilead, fabricante do Remdesivir, medicamento oferecido nos hospitais de ponta a partir de R$ 17 mil contra a COVID-19, também entrou no conresso como “Patrocinador Prata”. A história do Remdesivir durante a pandemia é contada em uma reportagem na revista Science: “A ‘aparência muito, muito ruim’ do remdesivir, o primeiro medicamento COVID-19 aprovado pelo FDA“.

A reportagem conta da aprovação estranha e contratos fechados. “A Food and Drug Administration não realizou reunião consultiva sobre antiviral, e a União Europeia assinou contrato sem saber do fracasso do teste”.

Quanto mais o especialista recebe da indústria farmacêutica, mais ele é contra a hidroxicloroquina, diz estudo

Publicado no periódico científico New Microbes and New Infections, o estudo foi conduzido pelos cientistas Yanis Roussel e Didier Raoult, ambos do IHU Méditerranée Infection, um centro de excelência em pesquisas localizado em Marselha, no Sul da França.

Os dois autores efetuaram o cruzamento das opiniões públicas dos especialistas do órgão francês CMIT — Conselho de Professores em Doenças Infecciosas e Tropicais, sobre o tratamento da COVID com hidroxicloroquina e os valores recebidos, da Gilead, por cada pesquisador.

O levantamento revelou que apenas 13 dos 98 membros do CMIT não receberam qualquer benefício, remuneração ou convênio da Gilead Sciences, a fabricante do Remdesivir, nos últimos anos.

Quanto mais dinheiro os especialistas ganharam da empresa, mais desfavoráveis foram suas opiniões sobre a hidroxicloroquina. Os nove especialistas com opiniões “muito desfavoráveis” ganharam uma média de 26.950 euros da Gilead.

No levantamento, apenas oito desses 98 especialistas foram muito favoráveis ao tratamento com a hidroxicloroquina. A média de valor recebido por eles da empresa foi de 52 euros. Alguns desses “muito favoráveis” ao tratamento com hidroxicloroquina não receberam nada.

“Ficamos impressionados com o nível de correlação, que provavelmente é uma das explicações para a violência do debate que tem ocorrido sobre o uso da hidroxicloroquina”, disseram os autores.

“Não existe almoço grátis”, afirmou o vencedor do Prêmio Nobel Milton Friedman. A frase é citada no estudo.

Fonte

Protocolo de Actuación Nacional para la COVID-19 (protocolo versión 6)

Publicação original.

Substack de Filipe Rafaeli