Um estudo conduzido por pesquisadores do Departamento de Anestesia e Cuidados Intensivos do Instituto Científico IRCCS San Raffaele, da Universidade Vita-Salute San Raffaele, em Milão, Itália, em colaboração com o Departamento de Medicina Intensiva do Centro Médico Kameda, em Kamogawa, Japão, revelou que a terapia antiandrogênica reduz a mortalidade em pacientes com COVID-19. A pesquisa, revisada por pares e publicada na prestigiada e centenária revista científica Edizione Minerva Medica, apresentou resultados consistentes em relação aos efeitos da terapia hormonal em pacientes afetados pela doença.

“A terapia antiandrogênica reduziu a mortalidade e a piora clínica em pacientes adultos com COVID-19”, concluíram os autores no estudo.

A transmembrane protease 2 (TMPRSS2) é essencial para que o vírus SARS-CoV-2, causador da COVID-19, penetre nas células hospedeiras. A terapia antiandrogênica age reduzindo a expressão dessa proteína. Estudos anteriores já haviam sugerido a eficácia de agentes antiandrogênicos no tratamento de pacientes com COVID-19. Com base nesses indícios, os pesquisadores se propuseram a investigar se tais agentes poderiam reduzir a mortalidade em comparação com o placebo ou apenas com cuidados habituais.

Para realizar a meta-análise, o mais alto nível de evidência científica, foram selecionados 13 estudos clínicos randomizados “padrão ouro”, que envolveram um total de 1934 pacientes com COVID-19. Os participantes foram divididos em grupos que receberam tratamento antiandrogênico ou placebo/cuidados habituais. O desfecho principal avaliado foi a mortalidade no acompanhamento mais longo disponível. Além disso, foram analisados desfechos secundários, como piora clínica, necessidade de ventilação mecânica invasiva, admissão na unidade de terapia intensiva, hospitalização e ocorrência de eventos adversos.

Resultados

Os resultados mostraram que a terapia antiandrogênica reduziu significativamente a mortalidade no acompanhamento mais longo disponível, com uma taxa de 8,9% no grupo tratado em comparação com 27% no grupo controle. Ou seja, houve uma redução de mortalidade constatada de 60%.

Além disso, a terapia hormonal também demonstrou reduzir a piora clínica em 56% e, em caso de tratamento ambulatorial, uma redução da necessidade de hospitalização (4,4% vs. 15%).

Gráfico da meta-análise medindo mortalidade. Na esquerda, a lista de estudos. Quando os pontinhos, representando cada resultado, ficam à esquerda da barra vertical, significa tendência de eficácia. A soma total é representada pelos losangos. Quando os losangos não cruzam a linha vertical, significa que o resultado total é estatisticamente significativo.

“Análises de amostras sequenciais e análises de sensibilidade confirmaram o resultado principal e sugeriram a robustez do benefício na sobrevida. Também foram encontrados efeitos benéficos dos agentes antiandrogênicos na piora clínica, o que confirma ainda mais os efeitos desses agentes em pacientes com COVID-19”, escreveram os autores italianos e japoneses.

Segurança

“Esta revisão sistemática não encontrou danos causados pelos agentes antiandrogênicos em pacientes com COVID-19. Os efeitos colaterais comuns desses agentes incluem ondas de calor, cãimbras musculares e desconforto gastrintestinal. No entanto, esses sintomas são geralmente leves e raramente relatados nos estudos incluídos”, concluíram os autores. “No geral, os estudos incluídos mostraram que o tratamento com agentes antiandrogênicos foi administrado com segurança em pacientes com COVID-19”.

A teoria androgênica é do Brasil

“Acaba de ser publicada mais uma metanálise sobre uso de anti-androgênicos em COVID. Uma seria suficiente para conferir grau máximo de recomendação ao uso destes fármacos. Apenas em 2023 foram duas. Ambas em revistas com fatores de impacto estrondosos, em uma delas superior a 20”, afirmou o Dr Ricardo Zimerman, médico infectologista do Rio Grande do Sul, um dos autores do estudo com a proxalutamida, pesquisa original liderada pelo Dr Flavio Cadegiani, ocorrida em Manaus e no Rio Grande do Sul, no início de 2021, e incluída na meta-análise. “A consistência dos achados impressiona”.

“O estudo em pacientes hospitalizados, que conduzimos no Sul e no Norte do país, foi considerado de excelente qualidade e de baixo risco de vieses”, complementou. 

“Duas meta-análises completamente independentes entre si que mostraram resultados muito semelhantes solidificam ainda mais o já mais alto patamar de evidência científica sobre o assunto, tanto para eficácia quanto para segurança, e, por isso não cabem mais discussões ou opiniões de supostos especialistas” afirmou Dr Flavio Cadegiani.

Comentário MPV

O Dr Flavio Cadegiani foi atacado impiedosamente e de modo covarde, tanto pela mídia brasileira como por autoridades. Recentemente, ele foi inocentado nos conselhos de medicina do Amazonas e do Rio Grande do Sul. E sua teoria segue sendo comprovada dia sim, outro também. É o tratamento mais eficaz do mundo para pacientes hospitalizados. E é original do Brasil.

Se a teoria tivesse sido adotada, em vez de atacada, centenas de milhares de pessoas estariam vivas, conforme concluíram os próprios autores da meta-análise. E até o momento, ninguém pediu desculpas aos grandes médicos-cientistas brasileiros e suas equipes que continuam estudando e realizando pesquisas científicas de ponta, sempre fundamentados na ética médica, sendo referência para médicos e cientistas de todo o mundo.

Viva a ciência brasileira!

Fonte

Antiandrogen agents in COVID-19: a meta-analysis of randomized trials

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