Um estudo recente liderado pelo cientista chileno Francisco Fernandez, do Centro de Investigación en Fisiología y Medicina de Altura, da Universidade de Antofagasta, concluiu que o programa de exercícios físicos supervisionados reduziu a taxa de mortalidade entre pacientes com hipertensão e COVID-19 durante a hospitalização. Os cientistas destacaram a importância da atividade física como parte do tratamento da COVID-19.
Embora a hipertensão seja um fator de risco conhecido para complicações graves da COVID-19, terapias farmacológicas para hipertensão não parecem ser eficazes contra a progressão da doença, de forma geral, com possível exceção da espironolactona, conforme estudos epidemiológicos e observacionais, apesar de ser relativamente pouco usada para esta finalidade
Por esse motivo, pesquisadores investigaram se o treinamento físico supervisionado poderia ser útil no tratamento pós-COVID-19. Eles selecionaram 1.508 pacientes com COVID-19 (confirmados por RT-PCR) que estavam hospitalizados, sendo que 439 deles tinham hipertensão. Esses pacientes foram divididos em dois grupos: um grupo tratados com exercícios físicos (n=201) e um grupo controle (n=238).
O grupo tratado com exercícios físicos realizou atividades aeróbicas (15 a 45 minutos), exercícios respiratórios (10 a 15 minutos) e exercícios musculares (8-10 séries de 12-15 repetições por semana) durante a hospitalização. Os exercícios foram supervisionados por um clínico.
Os resultados mostraram que o grupo de exercícios físicos teve uma taxa de sobrevivência maior do que o grupo controle durante a hospitalização de modo estatisticamente significativo. “Nossos dados sugerem que o exercício físico é uma abordagem viável para aumentar a probabilidade de sobrevivência de pacientes com hipertensão e COVID-19 durante a hospitalização. No entanto, os resultados do estudo levantam questões que devem ser investigadas no futuro, como os mecanismos inerentes ao exercício físico, que estão diretamente relacionados à redução da mortalidade”, concluíram os autores.
“Como aplicação prática, o protocolo de exercício utilizado neste estudo pode ser útil no manejo clínico de pacientes com COVID-19 na UTI”, recomendaram.
Resultados
- Altos níveis de atividade: 16 dos 201 pacientes (8,0%), morreram.
- Baixos níveis de atividade 62 dos 238 (26,1%), morreram.
Os exercícios
- Aeróbicos de 15 a 45 minutos, consistindo em caminhadas.
- Respiratórios de 10 a 15 minutos, consistindo em respiração diafragmática. respiração com os lábios franzidos e contração abdominal ativa.
- Musculoesqueléticos (8 a 10 séries de 12 a 15 repetições/semana), consistindo em levantamento de halteres, levantando e sentando, estabilização lombar.
Curiosidade
O médico celebridade e apresentador de televisão Dr Rey, em uma entrevista, afirmou que quando teve COVID-19, fez exercícios aeróbicos. Ele acertou na fisiologia da doença muito antes desse estudo ser publicado. Além disso, acertou sobre zinco, ivermectina e hidroxicloroquina, sem ficar na “política boba”, como afirmou. Assista:
O Dr. Flavio Cadegiani, atualmente com mais de 6000 pacientes tratados e nenhum óbito, também recomendava atividades aeróbicas ou musculação (se não fosse em ambiente de academia, para evitar o alastramento do vírus) para seus pacientes que conseguissem, nos primeiros dias de sintomas. “As miocinas, que são proteínas produzidas pelos músculos, altamente benéficas apresentam grande plausibilidade de combaterem os efeitos do vírus da COVID-19”, relata.
“Isso sem contar a liberação de endorfina, de vasodilatadores e de outros hormônios que têm tudo para impedir não somente as complicações durante a COVID-19, como o pós-COVID”, complementou.
Comentários MPV
Não briguem com os resultados do estudo. Não politizem. Implantem agora, em todos os hospitais. Esse estudo é importante porque é o primeiro em pacientes hospitalizados.
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