Diversos estudos têm demonstrado que um estilo de vida sedentário e a existência de comorbidades, como hipertensão, diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares, aumentam o risco de infecção pelo vírus SARS‐CoV‐2, assim como a severidade do quadro e a taxa de mortalidade de pacientes com COVID‐19. Já um estilo de vida saudável e a prática de atividade física têm efeitos protetores contra a doença.

Com o intuito de integrar os resultados de diferentes estudos sobre o tema e compreender melhor os efeitos da prática de atividade física em pacientes com COVID-19, um estudo de meta-análise, realizado por cientistas de universidades do Irã, Coréia do Sul e Reino Unido e publicado no periódico Reviews in Medical Virology, mostrou que a prática de atividade física está associada à redução nas taxas de hospitalização, internação em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e mortalidade de pacientes com COVID‐19.

Fazendo uma busca em diferentes bancos de dados por artigos publicados até janeiro de 2022, 12 estudos envolvendo 1.256.609 pacientes fisicamente ativos e 265.341 pacientes fisicamente inativos foram selecionados para a meta-análise. A maioria dos pacientes procedia de países europeus, do Irã, China, Coréia, Estados Unidos e Brasil, estando incluídos indivíduos com e sem comorbidades, de ambos os sexos, de ampla faixa etária, e com diferentes tipos e frequência de prática de exercício físico anterior ao início da pandemia.

Os resultados do estudo apontam uma redução de 42% no risco relativo de hospitalização, além de uma redução de 35% no risco de internação em UTI e redução de 53% da mortalidade por COVID-19 entre indivíduos que praticam exercício em comparação aos indivíduos fisicamente inativos.

A intensidade dos exercícios não pareceu ser um fator muito relevante, uma vez que pacientes que praticavam atividade física moderada apresentaram resultados comparáveis àqueles que praticavam exercícios mais vigorosos, sugerindo que a prática de qualquer atividade física pode ser benéfica. Considerando a taxa de hospitalização, a prática de exercícios aeróbicos mostrou um maior efeito protetor sobre a COVID-19, enquanto a taxa de mortalidade sofreu maior redução com a pratica de exercícios anaeróbicos.

Brasileiro faz pouco exercício

O sedentarismo já era um fator de risco conhecido no caso de doenças não transmissíveis (diabetes, doenças cardiovasculares, etc.) e, dado o contexto atual, como descrito acima, tem sido destacado também como um fator de risco para doenças infecciosas, como a COVID-19. Além disso, estudos mostram que a prática insuficiente de atividade física impacta negativamente a qualidade de vida geral, o nível de estresse e a saúde mental dos indivíduos.

Apesar disso, um estudo de 2016, publicado no periódico The Lancet Global Health por pesquisadores suíços e australianos, destacou que 27,5% da população mundial tem uma prática de atividade física insuficiente, sendo que as mulheres são 10% menos ativas em comparação aos homens em 159 dos 168  países analisados.

No Brasil, o quadro é ainda mais grave: a insuficiência na prática de exercícios encontra-se na faixa de 40-49% entre os homens e acima de 50% entre as mulheres. Outro dado alarmante apontado neste estudo é que, no período de 2001 a 2016, ocorreu um decréscimo superior a 15% na prática de atividade física pela população brasileira. Os índices do Brasil estão entre os piores dentre os 168 países analisados no estudo, ressaltando a necessidade de políticas públicas para o incentivo da prática de exercícios pela população.

Observações do MPV

Nós, do MPV – Médicos Pela Vida, recomendamos a prática de exercícios físicos, se possível acompanhado de um profissional qualificado. Segunda observação: as diferenças entre exercícios aeróbicos e anaeróbicos tiveram resultados estatisticamente diferentes, entretanto, não parece ser conclusivo que a prática de um é mais recomendável que do outro. Qualquer exercício é benéfico.