Esse novo artigo publicado na JAMA Network é engraçado. 

A conclusão do estudo foi: “Nesta meta-análise de 12 ensaios, incluindo 3.901 pacientes, a prevalência de estrongiloidíase interage com o RR de mortalidade para ivermectina como tratamento para COVID-19. Nenhuma evidência foi encontrada para sugerir que a ivermectina tenha algum papel na prevenção da mortalidade entre pacientes com COVID-19 em regiões onde a estrongiloidíase não era endêmica”.

Basicamente, eles estão dizendo que em países não desenvolvidos (que não podem comprar Paxlovid) a ivermectina funciona, enquanto em países desenvolvidos ou quase desenvolvidos (que podem comprar Paxlovid, que custa US$ 700 dólares), a ivermectina não funciona.

Digo isso porque a associação com estrongiloidíase tem vieses claros, pois sua alta incidência coincide com toneladas de marcadores socioeconômicos. Mas eles encontraram na estrongiloidíase uma plausibilidade biológica mínima como desculpa.

No texto, eles usam a referência 1 para dizer que a América Latina tem estrongiloidíase endêmica. Em seguida, eles usam a mesma referência para dizer que o ensaio realizado no Norte do Brasil tem uma baixa incidência de estrongiloidíase (5,7%) (ver Tabela 1). No entanto, a referência 1 é completamente imprecisa e a prevalência real no Brasil é de 12-15%, o que seria classificado como ‘alta prevalência’

E eles incluíram este estudo realizado no Brasil, que comparou a ivermectina com a hidroxicloroquina, não com os cuidados habituais ou placebo (já que ambos têm algum efeito, a comparação direta naturalmente não levaria a diferenças, como demonstramos em um estudo publicado), para dizer ivermectina não funciona em áreas com baixa incidência de estrongiloidíase.

E não sei se moro em um país onde a ivermectina funciona ou não, segundo o estudo. Estou confuso.