Outro dia atendi uma paciente que disse: – “Dr. Jacyr, você ainda não acredita nas vacinas contra a pandemia”? Sorri e desconversei, ela estava com um problema importante e precisava operar.
Explicada a gravidade e a necessidade da cirurgia, eu com o meu otimismo de sempre, afirmei que não se preocupasse, daria tudo certo. Passamos a falar onde, isto é, em qual hospital seria o procedimento e quem se colocaria como cirurgião.
Neste momento ela me interrompeu, espantada:
– “Como assim, não é você que irá me operar”?
Respondi que não, já estava cansado, apesar de 37 anos de profissão e bastante experiência, achava que alguém mais novo seria ideal para o caso dela. Digamos, um jovem…, no primeiro ano de medicina, daria conta.
– “Está brincando comigo, doutor? Um recém formado”? – Não, reafirmei. Alguém no primeiro ano da faculdade.
Enquanto ela me olhava, sem acreditar, completei: Se você acredita que uma substância recém lançada, sem estudos, sem testes, sem tempo para avaliação…, pode ser considerada vacina, será capaz, e sem qualquer problema, aceitar para o seu procedimento um protótipo de médico sem estudos, sem testes e sem tempo necessário para avaliação.
Não sei porque ela foi embora e nem fechou a porta. Acho que foi a pressa, atrás da sexta dose.
A pergunta da paciente no início do texto aconteceu, foi real. A sequência, não, eu só pensei responder isso para ela. Já está operada, por mim, segura e feliz, em casa. Desde que não vá atrás da sexta dose.
Crédito de foto: Freepik – John Aldrey
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