Dr. Raphael Furtado, 46, filho de um médico, Dr Antonio, e de uma psicóloga, Dona Jacyrema, nasceu e cresceu em Goiânia. Anos mais tarde, seguindo os passos do pai, se formou em medicina no interior de São Paulo, onde se especializou como anestesiologista. Logo após a conclusão de seus estudos, há pouco mais de 20 anos, ele decidiu se mudar para Natal, uma bela cidade litorânea no Nordeste do Brasil, onde passou a trabalhar em um hospital local.
Sua rotina era bastante comum, indo do trabalho para casa e de casa para o trabalho. Casou-se com Andreia e com ela teve o filho Antonio, nascido em 2015. Viajar pela região e ir à praia com a família era a rotina. O hobby de Raphael era pescar e ele levava um estilo de vida tranquilo. “Minha esposa era uma profissional brilhante e abriu mão da carreira para cuidar do nosso garoto”, afirmou.
A vida pacata mudou quando a assustadora pandemia de COVID-19 começou a se espalhar. O mundo parou no começo de 2020. Diante do desafio, Raphael começou a estudar incessantemente para buscar as melhores soluções para a doença. Em junho, já havia acumulado cerca de 600 horas de estudo. Seu objetivo era diagnosticar e tratar seus pacientes.
Nos primeiros meses da pandemia, ele tratou alguns pacientes, principalmente amigos e familiares. “Apesar de muita gente duvidar, os que acreditaram foram atendidos”, afirmou. Seus estudos se baseavam até em artigos Preprint, acompanhando o trabalho de pessoas como o Dr. Zelenko, de Nova York, o Dr. Didier Raoult, da França, que utilizavam como base a hidroxicloroquina, além de um protocolo de atendimento com base na ivermectina, criado pelo médico peruano Dr. Gustavo Aguirre Chang.
Quando Raphael acumulava pacientes se curando rapidamente, sua vida sofreu um grande baque. Ele recebeu a notícia que seu pai, o Dr. Antonio, um neurologista de 73 anos, estava hospitalizado. O pai contraiu COVID-19 em setembro de 2020 e não fez tratamento precoce da doença. Dr Antonio tinha comorbidades, como fibrilação atrial e obesidade, e ficou 12 dias sintomático em casa. Seguiu o protocolo de ir para o hospital quando estivesse com falta de ar, mas quando buscou ajuda, já tinha 75% de lesão pulmonar.
Ao saber da notícia, Raphael pegou um avião para Goiânia, sua cidade natal, no centro-oeste do Brasil. Quando chegou, seu pai já estava intubado. Raphael implorou por dois dias para que incluíssem a ivermectina no tratamento. “Faça por um filho. Para que um filho durma a noite”, afirmou. Após a inclusão do medicamento, em quatro dias, a condição pulmonar de seu pai melhorou significativamente pelos parâmetros do ventilador.
Raphael ficou por um mês em Goiânia enquanto o pai estava internado. Mas quando programaram a retirada da ventilação mecânica, o Dr. Antonio não acordou. Teve um AVC extenso. “Foi duro. Perdi meu pai”, afirmou Raphael. “Depois do AVC, eu já sabia que seria muito difícil”.
“Ele acreditou naquele estudo baboseira da Lancet, aquele do escândalo da Surgisphere. Como era cardiopata, morria de medo da HCQ”. Na televisão, falavam insistentemente que os medicamentos não eram comprovados. Mesmo com o filho afirmando que estava tendo sucesso, o Dr Antonio não acreditou.
“Deve ter achado que o filho estava delirante”, lamenta. “Eu me sinto culpado por não ter compartilhado estudos com ele. Achava que minha palavra bastaria”.
Ainda durante o rápido velório do pai, restrito pelas regras COVID, Raphael resolveu se engajar. “Quando perdi meu pai, fiz um juramento. Eu ia ajudar todos que eu pudesse. Me senti como um soldado em uma guerra e lutei com as melhores armas que conhecia”, afirmou.
Para cumprir o que se propôs, Dr Raphael teve que aprender a fazer telemedicina, o que ele era contra antes da pandemia. “Mais importante do que prescrever, é fazer a evolução. Meu objetivo era deixar os pacientes assintomáticos o mais rápido possível e evitar internações, complicações e óbitos”, explicou.
Com a ideia de tratar o máximo de pessoas que pudesse, ele passou a anunciar publicamente que a doença era facilmente tratável, mas foi hostilizado por isso. “Eu era muito ingênuo e achava que o planeta inteiro ficaria feliz em saber que havia tratamento para a doença”, afirmou. “Uma vez que eu magoei foi quando um cara disse que eu era charlatão. Basta ver a definição no dicionário. Ameacei processar por calúnia e difamação. Era o dono de uma livraria do Rio de Janeiro”, contou.
O ativismo anti tratamento, devido a insistência da mídia em repetir que os tratamentos eram comprovadamente ineficazes, chegou a abalar suas antigas amizades. “Vários amigos do tempo de infância e adolescência me ridicularizaram e eu só queria ajudar com informações que eu acho preciosas, mas para muitos era como se eu fosse um alienígena falando”.
Hoje, Dr Raphael tem 170 pacientes COVID-19 tratados, nenhum óbito, e apenas uma única internação que não precisou intubar. Foi o caso de um idoso de Goiania, diabético e com apenas um rim, que ele atendeu por vídeos pelo whatsapp. “Quando começou a saturar 90%, orientei a família a levá-lo ao pronto-socorro para ser examinado. Eu estava a 3000 km de distância. Esse é o caso que mais me fez pensar o que eu poderia ter feito melhor”, lembra.
“Ligava pra família todos os dias duas ou três vezes. Após 11 dias ele saiu sem sequelas. Não foi intubado, mas precisou de suporte de oxigênio via cateter nasal. Não suportava as máscaras com pressão positiva. Esse caso me emocionou muito”, conta o médico, que como todos que tratam COVID-19, lembram dos poucos que agravaram. “Um dia desses o paciente encontrou um grande amigo meu e disse ‘o Raphael salvou minha vida’”, relatou.
“Será que salvei? Não tenho absoluta certeza, mas a gratidão dele significa muito pra mim. De verdade”, questiona o médico.
Raphael tratou pacientes de todas as classes sociais. Para alguns, até deu os remédios. Muitos, entre os mais abastados, insistiram em pagar seus honorários, que ele respeitosamente recusou.
Entre os casos curiosos que se prontificou a atender, um deles foi um Mestre Internacional de Xadrez residente em Calcutá, na Índia. O enxadrista pediu ajuda pelo Twitter. Para atendê-lo, Dr Raphael precisou montar um protocolo de medicamentos vendidos sem receita por lá: usou quercetina, ivermectina, vitaminas e zinco.
Enquanto ele tentava atender mais gente, as ofensas eram constantes. Um dia, durante uma pescaria, um colega médico o desqualificou. Afirmou que todos os medicamentos eram placebo. Perdendo a paciência, Dr Raphael, levantando a voz, perguntou: “Como que eu cuidei de quase 100 pessoas e ninguém morreu?”.
Segundo o site Our World in Data, a mortalidade no Brasil, durante toda a pandemia, foi de 1,89%, ou seja, uma morte a cada 53 infectados. Seguindo a mesma proporção de fatalidade, sem tratamentos, Dr Raphael teria cerca de 3 óbitos entre seus pacientes. Mas ele teve zero óbitos.
Emocionado, depois de contar todas as histórias de ofensas que recebeu enquanto se dedicava, perguntei se alguém o chamou de herói. Dr Raphael não conseguiu se lembrar. Mas contou que Antonio, seu filho de 7 anos, tem orgulho de sua profissão, e o chama de “Doutor pai”.
“Minha vida daria um livro desinteressante pra muita gente”, concluiu pedindo desculpas por encerrar a entrevista. Ele teria que acordar muito cedo no dia seguinte para um mutirão de cirurgias no SUS, o sistema público de saúde.
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A redução de mortalidade com HCQ em tratamento precoce é de 72%. Com a ivermectina, é de 40%. Médicos usando cocktails de múltiplos medicamentos possuem uma redução de 94,5% nos óbitos.
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