Relatório: “Vacina Covid-19 (Pfizer/BioNTech) para imunização ativa de crianças na faixa etária de 6 meses a 5 anos incompletos para a prevenção da Covid-19

Sobre as evidências médicas apresentadas

  • Não se encontrou ensaios clínicos concluídos avaliando a população de interesse;
  • Segundo a FDA, dados de pós-marketing DEMONSTRAM risco aumentado de miocardite em crianças e adolescentes do sexo masculino;
  • Segundo a FDA, dados de pós-marketing SUGEREM resolução com tratamento conservador, mas não há informação sobre potenciais efeitos a longo prazo;
  • Segundo o CDC, um estudo com poder estatístico declaradamente insuficiente e com acompanhamento médio de apenas 1.3 meses após a 3ª dose encontrou uma eficácia de 80%;
  • Segundo o CDC, um estudo preliminar e ainda sujeito a alterações envolvendo crianças na faixa etária em tela (onde a imunidade é mais humoral do que por anticorpos) e sem evidência de infecção anterior pelo SARS-CoV-2 (diferentemente da maior parte da população), encontrou-se marcadores laboratoriais para anticorpos com uma não inferioridade em comparação com pessoas de 16 a 25 anos.

Sobre as análises econômicas realizadas

  • No modelo markoviano em tela, usou-se probabilidades de transição com base em pressuposto frágil de elevada eficácia vacinal (vide as observações sobre as evidências médicas);
  • A maior parte dos parâmetros técnicos necessários para se avaliar a análise markoviana realizada não foram apresentados, incluindo as probabilidades de transição, pontos de convergência do sistema e mais;
  • A análise markoviana realizada fez uso de estimativas realizadas por bootstrapping sem apontar o tamanho de amostra usado nas simulações ou justificar as distribuições de probabilidade presumidas para os parâmetros (ex: porque se assume que o desperdício de vacinas tem probabilidade uniforme?);
  • Alegando-se a inexistência de dados publicados sobre a vacina impedir a transmissibilidade do vírus, presume-se que o número de pessoas infectadas não influencia a probabilidade de outros se infectarem, o que é, simultaneamente, non sequitur (a vacina não impedir a transmissão não implica que os infectados não possam transmitir a doença) e absurdum (os infectados por doença transmissível, por definição, tendem a infectar outros);
  • Aponta-se a ausência de dados sobre a transmissibilidade dos vacinados como justificativa para não se construir um “Modelo SIR Clássico”, o que é claramente um erro, dado que: (a) simplesmente não se acompanha a dinâmica de uma epidemia/pandemia sem fazer uso do modelo SIR ou seus derivados, (b) todos os modelos compartimentais com mais de três compartimentos podem ser reduzidos a um modelo SIR clássico de três compartimentos, (c) pode-se testar cenários com diferentes níveis de redução da transmissibilidade pelas vacinas, incluindo o nível zero, o qual a literatura sugere ser o que ocorre.

Pressupostos incorretos da recomendação

  • Comete-se o erro crasso de presumir que as recomendações de Agências de ATS, Órgãos Internacionais e outras organizações constituem evidência, incorrendo nas conhecidíssimas falácias lógicas elementares de argumento por autoridade (argumentum ad verecundiam) e argumento por popularidade (argumentum ad populum);
  • Induz-se o leitor a erro quando se afirma, no Item 4.1 – Aspectos epidemiológicos e clínicos da covid-19, ao se misturar referências a dados de casos e mortes em épocas distintas com diferentes variantes do SARS-CoV-2 prevalecendo no país;
  • O 2° parágrafo do tem 4.1 – Aspectos epidemiológicos e clínicos da covid-19, induz a erro por ter uma redação convoluta e pouco clara, levando a impressão exagerada dos riscos, obscurecendo o fato de que, de acordo com os próprios números citados no texto, mesmo presumindo-se tanto os casos moderados quanto os graves são internados (uma expectativa exageradamente pessimista), apenas de 0.4 a 2.0% das crianças infectadas necessitam de UTI, com apenas de 0.003% a 0.160% vindo a falecer;
  • Afirma-se que a Covid-19 representa uma doença grave na população pediátrica com substancial letalidade, quando, de fato, a incidência e mortalidade da doença em crianças e adolescentes é três ordens de grandeza abaixo daquelas dos adultos;
  • Presume-se eficácia de 80% para a qual simplesmente não há evidência (vide as observações sobre as evidências médicas).

Conclusão sobre o relatório

Dado o exposto, o Relatório em tela apresenta, de forma objetiva, diversos motivos médicos inequívocos para NÃO se aprovar o uso da Vacina Covid-19 (Pfizer/BioNTech) para imunização ativa de crianças na faixa etária de 6 meses a 5 anos incompletos para a prevenção da Covid-19. Tais elementos são acrescidos de uma análise econômica simultaneamente falha e insuficiente. Paradoxalmente, porém, o mesmo documento apresenta recomendação favorável ao uso em questão.

É forçoso concluir que a Recomendação favorável apresentada é, muito obviamente o exato oposto do que deveria ser, ou seja, se deveria ter apresentado parecer fortemente contrário ao uso da Vacina Covid-19 (Pfizer/BioNTech) para imunização ativa de crianças na faixa etária de 6 meses a 5 anos incompletos para a prevenção da Covid-19. O fato de que se optou por um parecer favorável reflete, da parte dos autores do documento, incompetência grosseira, flagrante má fé ou uma combinação destas duas coisas, não havendo quarta opção.

Leia mais

Covid-19: porque pedimos cautela em relação à vacinação de crianças. Conheça os últimos dados.

COVID-19: governo inglês não recomenda vacinação em massa de crianças entre 5 e 11 anos


 

Comentários do Facebook