Estamos entrando na semana de aniversário de três anos de um dos maiores estelionatos epidemiológicos já publicados na (outrora) prestigiosa New England Journal of Medicine. Parecendo determinados a demonstrar a ineficácia da hidroxicloroquina no tratamento precoce da COVID, os autores fizeram um estudo onde mais de 40% dos pacientes precisavam de oxigênio, cerca de 15% necessitavam de cuidados intensivos e todos requeriam internação hospitalar… e, pasmem, chamaram a condição de “COVID leve a moderada”. O primeiro passo na análise crítica de um artigo científico é o de avaliar se a população estudada é compatível com a população onde a intervenção deseja ser empregada. Ao colocar (por má intenção? Por desconhecimento?) a classificação falsa de “leve a moderada” no título, a encontrada ineficácia da hidroxicloroquina levou à uma conclusão que acabou ajudando a sepultar o tratamento precoce (de casos realmente leves a moderados). O único detalhe é que este estudo não avaliou a hidroxicloroquina na condição que fingiu avaliar. Metanálise bem conduzida de pesquisadores de Harvard viria a confirmar posteriormente a utilidade do fármaco na prevenção da doença, mas o estrago já estava feito. Até hoje os autores não foram chamados para explicações e o artigo não foi retratado, em mais um triste exemplo do malefício que a politização da medicina e da ciência podem trazer.


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