Inicialmente foram criadas para se acumular registros de múltiplos estudos pequenos para constituir um de tamanho mais razoável, um meio de se acumular dados de fenômenos raros ou ainda pouco estudados. Era amplamente reconhecido que, mesmo com todos os controles estatísticos possíveis, sempre permaneceria um substancial viés, mas seria o melhor que se pode fazer quando existem poucos casos para se investigar. Até aqui, trata-se de algo útil para se lidar com escassez de evidências. 

Em algum ponto, porém, o papel das metanálises foi mudado para o de sintetizar uma literatura científica abundante, passando em seguida para o de expressar o consenso científico e, finalmente, ser tida como “a melhor evidência científica”. Com isso, substituiu-se a efetiva leitura crítica dos artigos pela sua contabilização automática via software mediante critérios de busca e inclusão subjetivos e arbitrários, aplicando-se aos achados uma pirotecnia analítica que cria a ilusão de remoção completa de viés (quando, no máximo, se tem alguma mitigação dele). 

O resultado é que as metanálises passaram a ser um método que facilmente produz os resultados que se queira, bastando controlar as escolhas subjetivas e arbitrárias. Simultaneamente, isso passou a ser considerado o nec plus ultra do saber científico, fazendo com que os achados sejam aprioristicamente definidos como inquestionáveis. 

Na verdade, quando se pensa no assunto, é uma brilhante estratégia de dominação totalitária dos rumos do “saber científico”, sendo facilmente aplicável pelo establishment e de impacto contundente na comunidade.

Só não consegue mesmo enganar a natureza, mas é sempre possível fingir.

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