Diante da situação que estamos vivendo na pandemia declarada pela Organização Mundial de Saúde em 11/03/2020, prolongada, portanto, por mais de um ano, tenho refletido constantemente sobre a condição humana e o comportamento social.
Estamos em um cenário de ficção científica, inimaginável há anos atrás, em que várias medidas desproporcionais e sem embasamento científico, como uso de máscaras por pessoas sadias, quarentenas, isolamento, lockdowns, toque de recolher, fechamento de escolas foram impostas em diversos países ocidentais desenvolvidos. No entanto, isto foi implementado sob a alegação de um grande perigo em saúde pública, alcançando a submissão da maioria dos cidadãos a estas normas.
Por outro lado, medicamentos conhecidos e reposicionados, de baixo custo e alta segurança, foram sistematicamente desqualificados por autoridades e pela grande mídia. Como solução, em “caráter temporário, experimental e emergencial”, foram aprovadas vacinas utilizadas em larga escala, sem os devidos testes para definir eficácia e segurança, pois este processo rigoroso demora de 4 a 10 anos. Porém, inúmeras pessoas têm buscado a “vacina” experimental como solução para retornar à vida normal (pré-pandemia), sem buscar informações mais detalhadas sobre estes materiais biológicos ou genéticos.
Como médica psiquiatra, lido diariamente com o atendimento a pacientes em sofrimento psíquico, na maioria das vezes, baseado em sua biografia, havendo alteração de suas emoções, sentimentos e comportamento diante da vida.
No entanto, com a pandemia e sua gestão, percebo que está ocorrendo um fenômeno coletivo (não restrito ao indivíduo) com manifestação de sofrimento psíquico associado a alterações mais amplas no comportamento social. Portanto, é necessário investigar melhor esta dinâmica para compreender o contexto e suas causas e efeitos.
Neste sentido, buscando informações ligadas à comunicação e cultura de massa e reengenharia social, pode-se perceber que há décadas vem sendo preparada a condição ideal para o controle da população e influência no comportamento social. A pandemia e sua gestão, com comando único e mundial, gerou medo e incertezas em escala planetária.
Porém, todo este efeito somente se concretizou devido ao uso persistente e coordenado de técnicas de manipulação na comunicação de massa. Assim foi possível influenciar fortemente a opinião pública e alterar o comportamento social no nível de forma generalizada, com a repetição de jargões pseudocientíficos, pensamento hegemônico e atitude condicionada.
Como exemplo do uso da mídia na manipulação de massas, o trabalho de Avram Noam Chomski revela a existência destas ações estratégicas. Noam Chomski é um linguista, filósofo, sociólogo, cientista cognitivo e ativista político norte-americano. Muito celebrado no meio acadêmico internacional como “pai da linguística moderna”, é bastante atuante no campo da filosofia analítica.
No livro “A Manipulação do Público”, escrito por ele em conjunto com o crítico de mídia Edward S. Herman, publicado em 1988 (em 2003 no Brasil), inicia revelando que “a mídia de massa serve como um sistema para comunicar mensagens e símbolos à população em geral. A função dessas mensagens e símbolos é divertir, entreter, informar e incutir nas pessoas os valores, credos e códigos de comportamento que as integrarão às estruturas institucionais da sociedade maior. O cumprimento deste papel em um mundo de má distribuição de renda, de importantes conflitos de interesse de classe requer uma propaganda sistemática.”
“Em um estado totalitário não se importa com o que as pessoas pensam, desde que o governo possa controlá-lo pela força usando cassetetes. Mas quando você não pode controlar as pessoas pela força, você tem que controlar o que as pessoas pensam, e a maneira típica de fazer isso é através da propaganda (fabricação de consentimento, criação de ilusões necessárias), marginalizando o público em geral ou reduzindo-a a alguma forma de apatia”. (Chomsky, N., 1993).
Nesta pandemia, tornou-se cada vez mais ostensivo o fato de que a mídia utiliza vários mecanismos a fim de manipular a opinião pública. Tais estratégias são usadas para criar um senso comum, sem crítica em relação às origens reais dos problemas atuais e fazer a população agir conforme os interesses de um grupo dominante.
Em 2002, o francês Sylvain Timsit elaborou a lista com as 10 principais estratégias de manipulação das massas, inspiradas no trabalho de Noam Chomsky, em “Stratégies de manipulation: Les stratégies et les techniques des Maitres du Monde pour la manipulation de l’opinion publique et de la société.”, conforme abaixo:
1- Estratégia da distração
O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração, que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio, ou inundação de contínuas distrações e de informações insignificantes.
A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir o público de interessar-se por conhecimentos essenciais, nas áreas da ciência, economia, psicologia, neurobiologia e cibernética.
“Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais”. (Extraído de “Armas silenciosas para guerras tranquilas”).
2 – Criar problemas e depois oferecer soluções
Este método também é chamado “problema-reação-solução”. Cria-se um problema, uma “situação” prevista para causar certa reação no público, a fim de que este seja o mandante das medidas que se deseja aceitar.
Por exemplo: deixar que se desenvolva ou que se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o mandante de leis de segurança e políticas desfavoráveis à liberdade.
Ou também: criar uma crise econômica para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.
3 – A estratégia da gradualidade
Para fazer que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradualmente, a conta-gotas, por 10 anos consecutivos. Foi dessa maneira que condições socioeconômicas radicalmente novas foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990. Desemprego massivo, flexibilidade, precariedade, salários não garantem mais uma renda decente, inúmeras mudanças que provocariam uma revolução se fossem aplicadas brutalmente.
4 – A estratégia do diferimento
Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como “dolorosa e necessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente.
Depois, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “amanhã tudo irá melhorar” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se à ideia da mudança e aceitá-la com resignação quando chegue o momento.
5 – Dirigir-se ao público como crianças
A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse uma criança de pouca idade ou um deficiente mental.
Quanto mais se tenta enganar o espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante. Por que? “Se alguém se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12 anos ou menos, então, em razão da sugestionabilidade, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como as de uma pessoa de 12 anos ou menos”.
6 – Utilizar o aspecto emocional muito mais do que a reflexão
Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional e, finalmente, no sentido crítico dos indivíduos. Por outro lado, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou injetar ideias, desejos, medos e temores, compulsões ou induzir comportamentos.
7 – Manter o público na ignorância e na mediocridade
Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. “A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores e as classes sociais superiores seja e permaneça impossível de ser revertida por estas classes mais baixas.
8 – Estimular o público a ser complacente com a mediocridade
Promover ao público a crer que é moda o ato de ser estúpido, vulgar e inculto. Introduzir a ideia de que quem argumenta demais e pensa demais é chato e mau humorado.
9 – Reforçar a auto-culpabilidade
Fazer com que o indivíduo acredite que somente ele é culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, suas capacidades ou de seus esforços.
Assim, no lugar de se rebelar contra o sistema econômico, o indivíduo se auto desvaloriza e se culpa, o que gera um estado depressivo, cujo um dos efeitos é a inibição de sua ação. E, sem ação, não há questionamento!
10 – Conhecer aos indivíduos melhor do que eles mesmos se conhecem
No transcurso dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado uma crescente brecha entre os conhecimentos do público e aqueles possuídos e utilizados pelas elites dominantes.
Graças à biologia, a neurobiologia a psicologia aplicada, o “sistema” tem desfrutado de um conhecimento avançado sobre a psique do ser humano, tanto em sua forma física como psicologicamente.
O “sistema” tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o “sistema” exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos, maior que o dos indivíduos sobre si mesmos”.
Minha intenção como médica psiquiatra é contribuir para a ampliação do diálogo e do campo de visão sobre este assunto, para além do alarmismo e do medo, que notoriamente mantêm a população refém da grande mídia e de suas falácias patrocinadas.
Então, após esta colocação, sugiro que você faça uma retrospectiva desde o início da pandemia e verifique se estas técnicas foram aplicadas e em quais circunstâncias. Sugiro também que você busque outras fontes de informação e acesse artigos de médicos e cientistas sem conflito de interesses, ou seja, com autonomia para expressarem sua visão a respeito deste tema, com base em sua experiência profissional isenta e ética.
O despertar da consciência é o passo inexorável que cada indivíduo precisa dar para alcançar a liberdade como ser humano, porém esta deve ser uma escolha pessoal e intransferível.
Para finalizar, lembro as palavras de Aldous Huxley, mais do que nunca tão válidas e atuais:
“Forças impessoais sobre as quais não temos praticamente controle algum parecem estar nos empurrando na direção do pesadelo do Admirável Mundo Novo; e essa pressão impessoal está sendo conscientemente acelerada por representantes das organizações empresariais e políticas que desenvolveram diversas técnicas novas para manipular, de acordo com o interesse de alguma minoria, os pensamentos e emoções das massas”. [Aldous Huxley, prefácio do livro “Regresso ao Admirável Mundo Novo” escrito em 1959]
Youtube: As Dez Estratégias de Manipulação das Massas de Noam Chomsky