POR: Ana Cristina Cardoso Lemos Malheiros – Médica Psiquiatra

Sendo médica psiquiatra, eu quero chamar a sua atenção para um tema pouco falado: qual é a relação entre saúde mental e política?

Considerei instigante pensarmos um pouco sobre esse assunto, pois afinal, dentro da área de saúde pública, a saúde mental também é gerenciada pelos governos e gestores.

Porém, dependendo da linha ideológica escolhida pelo governo ou do governo escolhido pelo povo, existirão tendências a condutas que interferem na forma de pensar e no comportamento individual e social.

Escolhi 4 aspectos para enfocar:

  1. Descriminalização do uso de Drogas:

Como exemplo, cito o interesse de grupos de poder pela descriminalização do uso de drogas, ou seja, de substâncias psicoativas ilícitas. Estas substâncias alteram o funcionamento cerebral, perturbam a memória, a percepção sensorial e a capacidade cognitiva em geral.

Além dos efeitos maléficos para a saúde física e psíquica do indivíduo, prejudicam o comportamento social. Então, frequentemente, ocorrem a redução da capacidade produtiva e independência econômica do indivíduo, agravam-se os desajustes  no convívio em família e sociedade, havendo maior experiência de sofrimento e frustração e simultâneo aumento da criminalidade.

Fazendo uma suposição, caso deixasse de ser crime o uso de drogas ilegais, isto não anularia os efeitos de substâncias psicoativas no organismo humano, ou seja, lei não impede agressividade, impulsividade, alienação e outros efeitos das drogas sobre o corpo, a mente e o comportamento do usuário/dependente químico.

Assista o documentário “Eleições do fim do mundo | Episódio 1: O mundo inteiro está olhando para o Brasil (The Epoch Times)” para compreender sobre a abrangência e importância deste tema.

  1. Religião e Espiritualidade:

Cito o interesse de grupos em fomentar o ateísmo e a perseguição religiosa, principalmente ao cristianismo. Conforme ascendem ao poder, implementam ações que desrespeitam a liberdade religiosa em países, supostamente, democráticos, em que este é um direito constitucional.

Nas últimas décadas, tem havido uma crescente conscientização da academia e da população geral sobre a relevância da religião e da espiritualidade nas questões de saúde. A Organização Mundial de Saúde (OMS) incluiu a Religião/Espiritualidade como uma dimensão da qualidade de vida.

No campo médico-científico, a Associação Mundial de Psiquiatria publicou seu posicionamento em 2015, após verificação de mais de 3.000 estudos sobre o assunto, indicando que a religião e a espiritualidade impactam na qualidade de vida e na sociabilidade, o que ajuda no combate ao stress causado por perdas, à depressão, na prevenção do suicídio e na recuperação de pessoas que tentaram o suicídio.

Religião e espiritualidade têm implicações significativas na prevalência, diagnóstico, tratamento e até na prevenção de doenças mentais, conforme descrito pela Associação Brasileira de Psiquiatria.

Por outro lado, a falta da espiritualidade ou uma visão distorcida dela pode piorar quadros depressivos e aumentar o risco de transtornos mentais e abuso de substâncias ilícitas. O indivíduo fica mais propenso a sentimentos de vazio interior, frustração e desesperança, medo do futuro, ficando mais vulnerável a manipulações, sendo incapaz de decidir sobre seu destino.

A técnica de incentivar o ateísmo é estratégia de tomada de poder sobre a vida do indivíduo e sobre a sociedade, pois, além dos efeitos maléficos para a saúde física e psíquica do indivíduo, prejudicam o comportamento social. Frequentemente, esta estratégia tem objetivo de tornar o cidadão mais fragilizado, dependente e submisso a terceiros ( Estado).

  1. Família:

Cito a agenda de governo que promove a destruição da família natural, ao invés de ter na família a base estrutural da sociedade civilizada.

Os agentes do poder global financiam criações intelectuais para interferir sistematicamente nos vida em família, para alterar os costumes e tradições, causando graves perturbações na vida em sociedade.

Para ilustrar, ressalto algumas destas ações:

-> Na Economia: o excesso de taxas e impostos provoca a manutenção do cidadão ocupado em trabalhar para sustentação da família, reduzindo o tempo e qualidade de convívio entre pai, mãe e filhos;

-> Na Educação: o ensino de baixa qualidade, devido ao predomínio de pautas sociais/ identitárias, definindo o destino de milhões de jovens para a incapacidade produtiva e dependência do Estado para a sobrevivência;

-> Na Cultura: a erotização precoce das crianças, desqualificação e críticas acirradas contra os valores familiares, financiamento do feminismo, abortismo, idiotização do público pela mídia pública e privada, gerando conflitos permanentes e caos social;

-> Na Saúde: como reflexo de todas as outras áreas, temos aumento das taxas de doenças agudas e crônicas, além de aumento generalizado de transtornos mentais, como estresse, depressão, suicídio, psicoses, abuso de drogas, em idades cada vez mais precoces.

Diante deste tipo de manipulação de massa com base em ideologia, tem-se criado  o esgarçamento tecido social, produzindo “famílias” disfuncionais, ou melhor dizendo, agregados de pessoas, escravizadas física e mentalmente, dentro do sistema de poder alienante. A sobrevivência e a satisfação de prazer instintivo são, praticamente, a razão de viver.

Em geral, foram alijados do sentido existencial da vida humana, pois não tiveram no berço familiar a oportunidade de evolução como seres humanos, criaturas com dimensão física, emocional afetiva e espiritual.

  1. Liberdade:

As consequências da escolha política recai sempre na extensão ou restrição ao campo da Liberdade.

Reconhecemos que os direitos naturais que nos foram concedidos por Deus são soberanos: o direito à vida, à liberdade e à busca pela felicidade.

Portanto, a liberdade é inerente à vida humana e intrinsecamente ligada à nossa percepção de felicidade.

Fazendo parte dos princípios para o desenvolvimento humano, a liberdade de pensamento e de expressão constituem a base de formação da identidade individual, pois expressar-se significa colocar-se no mundo e dele participar.

A liberdade de experiência e de movimento (direito de ir e vir) trazem muitos benefícios para o crescimento saudável de crianças e jovens, assim como o aprimoramento de habilidades dos adultos. Quando realmente existe liberdade para aprender com erros e acertos ou contestar o que foi aprendido, desenvolve-se a percepção de si, do outro e do mundo.

Obviamente, por tudo isto, a perda de liberdade é uma das mais severas punições, aplicadas a infratores da lei.

Porém, há outras formas mais insidiosas e dissimuladas de se restringir a liberdade do cidadão comum, mesmo que ele aja dentro da lei.

Como exemplos recentes, cito:

– Comportamento politicamente correto e cultura do cancelamento: são ferramentas sócio-comportamentais de controle de liberdade de expressão;

– Medo e coerção: A imposição de medidas desproporcionais na pandemia, como lockdowns, toque de recolher;

– Ativismo judicial: A destruição da lei pelos próprios agentes do Judiciário cria a desesperança sobre a existência de sociedade justa, coibindo a ação livre e espontânea do cidadão.

Os direitos dos cidadãos, sob vários pretextos, têm sido desrespeitados, limitados ou extinguidos nas últimas décadas.

Estes fatores causam o aumento e o agravamento de transtornos psiquiátricos como ansiedade, depressão, suicídios, abuso de drogas e psicoses.

A liberdade é imprescindível para a genuína expressão da essência humana sem a qual não há identidade, nem vivência espontânea e criativa e jamais haverá evolução.

Separe um tempo e reflita acerca desses temas pois, ideologias dissimuladas em discursos políticos, quando colocadas em prática, impactam profundamente a saúde mental de milhões de cidadãos em todo o mundo.

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