Em outubro de 2023, o Ministério da Saúde do Brasil anunciou que iria colocar as “vacinas” contra Covid-19 no Plano Nacional de Imunização (PNI), tornando-as obrigatórias para crianças a partir dos 6 meses de idade.

A infecção por SARS-CoV-2 certamente apresenta um risco aumentado para pessoas com mais de 65 anos e/ou aquelas com comorbidades como diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares, câncer e obesidade. Contudo, desde o começo, percebeu-se que crianças apresentavam um risco muito pequeno de infecção grave e um risco ainda menor de morte pela doença: a taxa de mortalidade por COVID-19 em pessoas com menos de 14 anos de idade era de apenas 0,03% a 0,1%. Somado a isso, havia o fato de que faltavam dados de segurança de médio e longo prazo para a aplicação de “vacinas” contra COVID-19 em crianças. (1, 2, 3)

Em setembro de 2021, colocando todas essas considerações de lado, o Comitê Conjunto de Vacinação e Imunização da Grã-Bretanha deu luz verde para o início da “vacinação” contra COVID-19 em adolescentes entre 12-15, a despeito de assumir que haviam evidências insuficientes dos benefícios da vacinação em massa nesta faixa etária.

Em novembro de 2021, a aplicação de “vacinas” contra Covid19 em crianças entre 5-11 anos de idade foi autorizada nos EUA, no Canadá e em Israel.

Em dezembro de 2021, dezenas de países seguiram essa tendência e começaram a aplicar “vacinas” contra Covid-19 em crianças: em Cuba, por exemplo, essas substâncias começaram a ser aplicadas em crianças tão jovens quanto 2 anos de idade.

Com o seguimento da “vacinação” em massa, foram surgindo estudos mostrando que essas “vacinas” não eram tão eficazes quanto previsto, tampouco tão seguras quanto anunciado. 

Por exemplo:

Em abril de 2022, um estudo publicado mostrou aumento da incidência de morte cardíaca súbita em pessoas com menos de 40 anos de idade após o uso de “vacinas” de RNAm contra COVID19 em Israel.

Em junho de 2022, outro estudo mostrou aumento do risco de eventos tromboembólicos, de trombocitopenia grave e de doença coronariana aguda em pessoas “vacinadas” contra COVID-19.

Em setembro de 2022, um estudo mostrou que as “vacinas” contra Covid-19 estavam associadas a um risco excessivo de efeitos colaterais graves, incluindo problemas de coagulação, lesões cardíacas agudas, paralisia facial e encefalite. O risco de efeitos colaterais graves era de 1 evento para cada 550 indivíduos vacinados – uma proporção muito maior que aquela observada com qualquer outra vacina conhecida.

Diversos outros estudos mostraram uma coleção imensa de problemas até então desconhecidos dessas substâncias – desconhecidos até mesmo pelos fabricantes, que não detectaram esses problemas em seus estudos clínicos. Certamente, existe uma necessidade urgente de avaliar a relação risco-benefício das “vacinas” contra Covid-19. Infelizmente, por motivos obscuros, essa necessidade vem sendo tratada com um absurdo desdém por autoridades de Estado, pela mídia e até mesmo por entidades médicas no mundo todo.

Em fevereiro de 2023, em um comunicado inusitado, a Secretaria de Saúde do Estado da Flórida emitiu um alerta informando que a “vacinação” em massa contra COVID-19 havia resultado em um aumento de 1.700% de notificações de efeitos adversos gerais a vacinas no sistema de vigilância VAERS e um aumento de 4.400% das notificações de efeitos adversos específicos potencialmente letais.

Em junho de 2023, um estudo publicado na revista Nature avaliou a obrigatoriedade dessas “vacinas” em 185 países e observou que em apenas 29% deles (n=55) a “vacina” foi tornada obrigatória de alguma forma. Na maioria das nações (71%), as autoridades de saúde apenas recomendaram as “vacinas” sem torna-las compulsórias.

Também em junho de 2023, um estudo publicado na revista Pediatrics afirmou que as “vacinas” de RNAm contra COVID-19 eram seguras em crianças – uma conclusão formada após avaliar 135 mil aplicações da “vacina anti-COVID-19” da Pfizer em crianças entre 6 meses e 5 anos de idade e 112 mil aplicações da “vacina anti-COVID19” da Moderna em crianças entre 6 meses e 4 anos de idade.

O problema central do estudo publicado em junho de 2023 na Pediatrics está no fato de que a incidência de efeitos adversos graves (tais como paralisia facial, encefalite, síndrome de Guillain-Barré, trombocitopenia imune, embolia pulmonar, convulsão, derrame hemorrágico, mielite transversa e tromboembolismo venoso) foi avaliada após um período de seguimento de apenas 21 dias. Este é um intervalo pequeno demais para determinar com a devida segurança o risco de substâncias inéditas como “imunizantes” a base de RNAm. 

“Vacinas de RNAm” jamais foram utilizadas em massa na espécie humana e menos ainda em crianças. Avaliar a segurança desse procedimento após um acompanhamento de apenas 3 semanas parece ser algo no mínimo temeroso e levanta a inevitável suspeita de que o estudo desse foi desenhado e conduzido para NÃO VER riscos em vez de detectá-los.

Por exemplo: se você acompanhar adultos magros que comem muito açúcar durante 21 dias, provavelmente não verá um risco aumentado para obesidade mórbida ou doenças cardiovasculares, ainda que o consumo de açúcar em excesso esteja fortemente associado a esses desdobramentos ao longo dos anos.

Se você acompanhar fumantes compulsivos jovens durante 21 dias, provavelmente não verá um risco aumentado para doença pulmonar obstrutiva crônica ou câncer pulmonar, ainda que o tabagismo intenso esteja fortemente associado a esses desdobramentos ao longo dos anos.

E etc.

Não interessa o tamanho do grupo “vacinado”.  Vinte e um dias é um intervalo pequeno demais para avaliar a ocorrência de efeitos colaterais graves. Simples assim. Sem embargo, e apesar do curtíssimo período de seguimento, o estudo da Pediatrics detectou 23 eventos graves, incluindo tromboses, derrame, miocardite e inflamação cerebral grave.

O estudo clínico de fase 2-3 da “vacina contra COVID-19” da Moderna para crianças entre 6 meses e 12 anos de idade (batizado de KidCOVE trial) foi iniciado em março de 2021, estando previsto para ser concluído apenas em abril de 2024. Os dados completos das análises de segurança ainda não foram publicados.

Em muitos países, a “vacina contra COVID-19” da Pfizer para crianças entre 6 meses e 4 anos de idade é RECOMENDADA (não obrigatória) apenas para crianças portadoras de comorbidades como doenças pulmonares crônicas (p.ex.: bronquiectasias, fibrose cística, etc), cardiopatias congênitas, diabetes insulino-dependente, insuficiência renal crônica grave, paralisia cerebral severa, doenças metabólicas ou genéticas graves, neoplasias sanguíneas e imunodeficiência (primária ou adquiria). Crianças entre 6 meses e 4 anos de idade que não apresentam esses transtornos são consideradas como baixo risco para Covid19 grave e são consideradas NÃO ELEGÍVEIS para aplicação de “vacinas” contra Covid19. (fonte, fonte)

Nos EUA, segundo informações oficiais do próprio CDC, a “vacina contra COVID-19” da Pfizer para crianças entre 6 meses e 11 anos de idade NÃO foi exatamente aprovada ou licenciada pelo FDA: ela recebeu uma “autorização de uso emergencial”. Essa “autorização” pode ser revogada a qualquer momento – o que significa que o governo dos EUA não deseja se envolver em litigâncias caso a vacina se mostre um desastre no médio ou longo prazo. Se uma calamidade ocorrer, o governo pode alegar que a “autorização de uso emergencial” foi emitida em um “momento crítico de saúde pública” e que está revogando o ato a partir de tal momento, tirando com toda elegância o corpo fora de qualquer processo individual ou coletivo.

Crianças possuem um sistema imune mais reativo que adultos e é possível que essas “vacinas” produzam, na população mais jovem, efeitos colaterais de médio e longo prazo que ainda não conhecemos. Pelo mesmo motivo, mesmo considerando a ocorrência de efeitos colaterais similares àqueles observados em adultos, os desdobramentos desses efeitos podem ser mais graves em crianças. Apenas um acompanhamento mais longo e criterioso seria capaz de identificar esses efeitos de maneira acurada – e os dados desse acompanhamento deveriam estar disponíveis ANTES de inocularmos crianças em massa com uma substância tão recente como os “imunizantes” de RNAm.

Como médico, não posso deixar de manifestar minha profunda preocupação com a decisão tomada pelo Ministério da Saúde do Brasil e com o silêncio de entidades como o Conselho Federal de Medicina, a Associação Médica Brasileira, a Sociedade Brasileira de Pediatria e a Sociedade Brasileira de Infectologia, entre outros, que possuem todos os dados que citei e muito mais e, ainda assim, parecem sofrer de algum tipo de letargia cognitiva ao não abrirem um debate público, amplo e visceralmente democrático sobre a verdadeira relação risco-benefício de inocular crianças de 6 meses com substâncias cujos critérios de segurança ainda não foram determinados acima de qualquer dúvida razoável.