Paul A. Offit, membro do Comitê Consultivo de Vacinas e Produtos Biológicos Relacionados da FDA, agência regulatória norte americana, publicou um artigo na NEJM – New England Journal of Medicine, pedindo o fim das das doses de reforço das vacinas de COVID-19 em jovens saudáveis.

Com o título: “Vacinas bivalentes Covid-19 – um conto de advertência“, o artigo, bastante informativo, discorre sobre a linha do tempo das vacinas bivalentes, e comenta o jogo de gato e rato contra as variantes que evoluem mais rapidamente do que a capacidade de produzir novos produtos experimentais.

Depois de uma longa introdução, Offit escreve: “Por que a estratégia para aumentar significativamente os anticorpos neutralizantes BA.4 e BA.5 usando uma vacina bivalente falhou? A explicação mais provável é o imprinting. O sistema imunológico das pessoas imunizadas com a vacina bivalente, todas previamente vacinadas, foi preparado para responder à cepa ancestral do SARS-CoV-2. Portanto, eles provavelmente responderam a epítopos compartilhados por BA.4 e BA.5 e pela cepa ancestral, em vez de novos epítopos em BA.4 e BA.5. Este efeito poderia ser moderado pela imunização de pessoas com BA.4 e BA.5 mRNA sozinho ou com uma maior quantidade de BA.4 e BA.5 mRNA. Evidências que apóiam essas estratégias podem ser encontradas nos dados da Pfizer-BioNTech sobre sua vacina bivalente contendo BA.1, que mostrou que BA”.

O autor comenta sobre a baixa eficácia e a baixa confiança do público norteamericano nas recomendações. “Em 22 de novembro de 2022, o CDC publicou dados sobre a eficácia das vacinas de mRNA BA.4 e BA.5 para prevenir infecção sintomática dentro de 2 meses após o recebimento da dose de reforço. Nas pessoas que receberam a vacina monovalente 2 a 3 meses antes, a proteção extra associada à dose de reforço bivalente variou de 28 a 31%. Naqueles que receberam a vacina monovalente há mais de 8 meses, a proteção extra variou de 43 a 56%. Dados os resultados de estudos anteriores, é provável que esse aumento moderado na proteção contra doenças geralmente leves seja de curta duração. Em 15 de novembro de 2022, apenas cerca de 10% da população para a qual a vacina bivalente foi recomendada a havia recebido“.

Offit pergunta que lições podem ser aprendidas com nossa experiência com vacinas bivalentes. Ele mesmo responde: “felizmente, as variantes do SARS-CoV-2 não evoluíram para resistir à proteção contra doenças graves oferecidas pela vacinação ou infecção anterior. Se isso vier a acontecer, precisaremos criar uma vacina específica para a variante. Embora seja provável que o reforço com uma vacina bivalente tenha um efeito semelhante ao reforço com uma vacina monovalente, a dosagem de reforço é provavelmente melhor reservada para as pessoas com maior probabilidade de precisar de proteção contra doenças graves— especificamente, adultos mais velhos, pessoas com múltiplas condições coexistentes que as colocam em alto risco de doenças graves e pessoas imunocomprometidas”.

Por fim, o autor faz sua recomendação: “Enquanto isso, acredito que devemos parar de tentar prevenir todas as infecções sintomáticas em pessoas jovens e saudáveis, reforçando-as com vacinas contendo mRNA de cepas que podem desaparecer alguns meses depois”.

Comentários MPV

O que a NEJM está agora dizendo, basicamente, é que o gato subiu no telhado. E a grande mídia brasileira finge-se de morta. Apenas para falarmos nas últimas na mídia dos EUA, o Wall Street Journal, o jornal de maior circulação de lá, chamou as vacinas bivalentes de “Propaganda enganosa“.

Já o NEJM, um dos periódicos científicos de maior impacto no mundo, pede para parar com esses reforços em pessoas saudáveis. Enquanto essas bombas são jogadas, no Brasil, Natália Pasternak, em um espaço privilegiado em “O Globo”, supostamente para falar de ciência, divaga que filmes de ficção científica são, realmente, filmes de ficção científica e não temos o risco de vermos pessoas virarem zumbis, como os personagens dos filmes trash. Ufa! Estamos aliviados!

“Após dois estudos terem demonstrado que boosters com a bivalente não trazem benefícios adicionais na resposta imune adaptativa, a NEJM se vê obrigada a admitir que o fenômeno de ‘immune imprinting’ do qual tanto falávamos é real. Anos de estudo em imunologia já tinham me avisado”, comentou o cientista e médico infectologista Dr Ricardo Zimerman, sobre o artigo.

“Pior ainda. Biden comprou 171 milhões de doses da bivalente sem um único ser humano ter sido estudado. Logo depois, o CDC, ainda sem um único humano ter sido estudado, recomendou o booster bivalente para todos com mais de cinco anos de idade”, complementou Zimerman.

Fonte:

Bivalent Covid-19 Vaccines — A Cautionary Tale