“Estão fazendo um episódio sobre vocês”, foi a mensagem que recebemos de uma fonte de dentro do “Ciência Suja”, um PodCast jornalístico que nasceu com o objetivo nobre de contar histórias de fraudes científicas e seus prejuízos para a sociedade.

“Será a mesma receita de sempre. Vão colar selos em vocês e vão politizar para deixar uma névoa sobre tudo”, complementou a fonte já incomodada com a linha editorial do PodCast, que trabalha para manter uma bolha impermeável a fatos, alienando o público do debate sobre o que eles se propõe a cobrir: fraudes científicas.

Aqui contaremos um pouco do histórico do “Ciência Suja”, e faremos uma lista de fatos durante a COVID-19 que foram e continuam sendo solenemente ignorados pelo PodCast. 

E acredite, até faremos a recomendação de alguns episódios realmente bons, muito informativos e honestos, que eles produziram.

Fato ignorado 1: fraudes no estudo da Pfizer

A Pfizer, antes de lançar sua vacina contra a COVID-19, precisou fazer um estudo. Algum tempo depois do lançamento do produto, a BMJ – British Medical Journal, publicou uma matéria investigativa. Uma denunciante apontou problemas gravíssimos na integridade dos dados.

A partir desse ponto, a palavra fraude foi colada à vacina da Pfizer.

Fraudes científicas “e seus prejuízos para a sociedade”, como eles explicam, é o que o “Ciência Suja” prometeu, de pés juntos, cobrir. Uma vacina dada para bilhões de pessoas com fraudes nos estudos, de fato, ocorreram. Algum episódio analisando as consequências disso? Jamais.

E como eles gostam de politizar para evitar o debate científico, vamos deixar claro: a denúncia veio da BMJ, uma das mais conceituadas revistas de medicina do mundo, com quase 200 anos de existência. A denúncia não veio do site “patriotas alguma coisa”, ou dos “patriots something”, escritos pela turma do Q-anon.

Essa omissão do “Ciência Suja” colaborou para que as grandes corporações farmacêuticas ganhassem ainda mais dinheiro dos governos de todo o mundo? Sim. Às custas da saúde das pessoas.

Fato ignorado 2: a denúncia da BMJ foi censurada

Querem ver as coisas ficarem ainda piores, chegando ao nível dos filmes trash? Vamos lá. Essa denúncia na BMJ – em artigo científico revisado por pares, fundamentado com provas – foi censurada pelo Facebook. Tudo sem explicações. A censura ocorreu apenas porque a revista científica mostra provas que contrariam a narrativa oficial da big pharma. 

A partir disso, dá para qualquer pessoa com o mínimo de inteligência entender o poder quase infinito da big pharma, que conseguiu fazer as big techs atenderem seus desejos. Nenhuma surpresa, afinal, a big pharma é o maior e mais poderoso lobby do mundo.

Após a censura, as editoras do periódico divulgaram uma Carta Aberta do BMJ para Mark Zuckerberg. As editoras estavam estarrecidas por receberem o carimbo “fake news” pelo “ministério da verdade” do Facebook. Não havia base alguma. Nem houve diálogo. “Incompetente e irresponsável”, acusaram na carta.

Ou seja, além de ter havido fraude, a divulgação da fraude foi censurada pelo Facebook. Isso mereceu ser tema para o PodCast que cobre fraudes científicas? Não. E, para completar o serviço, ainda difamam aqueles que divulgam a fraude. Chamaram de “negacionistas da ciência”.

Deste modo, o “Ciência Suja” colaborou para o aumento dos lucros da Pfizer? Sim.

Fato ignorado 3: morreu mais gente no grupo vacina

No estudo da Pfizer com resultados de seis meses, publicado na NEJM – New England Journal of Medicine, morreu mais gente por todas as causas no grupo vacinado em comparação com o grupo placebo. Foram 21 mortes no grupo vacina e 17 no grupo placebo.

Trata-se do estudo oficial publicado na NEJM. Fizeram algum programa falando com especialistas sobre isso? Não. E quem se manifesta sobre os números é chamado de “antivaxx”.

Essa omissão ajudou nos lucros da big pharma? Sim.

Fato ignorado 4: FDA queria esconder dados

Saiu na Reuters, uma das mais importantes agências de notícias do mundo. A FDA, agência estadunidense de medicamentos, que tem 65% de sua renda proveniente da indústria farmacêutica, tentou esconder os dados das vacinas por 55 anos.

Apenas 55 anos. Claro que isso virou um programa especial na “Ciência Suja”, afinal, além de ter fraudes antes, ainda seguiram escondendo dados, certo? Errado. Não virou programa.

Ignorar isso agrada os investidores da Pfizer? Sim.

Fato ignorado 5: os resultados de médicos na COVID-19

A grande história dessa pandemia são os médicos que trataram centenas ou milhares de pacientes e tiveram zero ou quase zero óbitos. No Brasil, nós temos uma taxa de mortalidade de 1,89% em toda a pandemia. Isso significa que a cada 53 infectados com COVID-19, uma pessoa morreu.

Nós, do MPV, até fizemos um levantamento com os resultados de diversos médicos no Brasil e alguns de fora. O Dr Edmilson Migowski, por exemplo, tratou 2 mil pacientes. Teve sete internações e apenas dois óbitos. Não uma morte a cada 53 pacientes. E temos resultados assim revisados por pares, como o caso do Dr Brian Procter, dos EUA. Ele teve 320 pacientes de risco, com apenas um único óbito. 

O nosso levantamento até inspirou o site c19early.org a fazer uma seção sobre resultados de médicos. E diversos com zero óbitos, como o Dr Cadegiani, com 3.711, quatro internações e nenhum óbito.

E todos os médicos que trataram seus pacientes com as melhores evidências científicas disponíveis, tiveram resultados semelhantes: baixíssimo número de internações e óbitos. É a comprovação científica mais básica de todas, daquelas que a gente aprende ainda quando crianças, na escola. Repete-se a experiência e obtém o mesmo resultado.

O “Ciência Suja” nunca falou dos resultados espetaculares dos médicos que tratam com medicamentos genéricos, baratos e sem patentes.

Deste modo, o PodCast serviu às grandes corporações farmacêuticas? Sim.

Fato ignorado 6: síndrome pós-vacinal

Chloé Pinheiro é produtora do “Ciência Suja”. Ela é a líder intelectual dos participantes do programa. Recentemente, Chloé escreveu uma matéria na revista Veja: “A batalha pela vacinação“.

O tom do artigo, laudatório aos interesses das grandes corporações farmacêuticas, é exatamente o que se espera que virá no PodCast por ela produzido. E em uma questão de análise, é interessante comparar como o assunto é coberto na mídia nacional e no exterior.

Print da matéria na revista Veja, a maior do Brasil.

Para Chloé, “síndrome pós vacina” é simplesmente falsa. Falsa, entenderam? 

Além disso, é coisa de gente que está em um “universo paralelo”. Coisa de gente que faz reuniões para conversar com discos voadores e discutir como a NASA engana todo mundo ao esconder a existência de criaturas reptilianas, entenderam?

Afinal, a partir do momento que na caixa de um produto farmacêutico vem escrito “vacina”, esse produto se torna incriticável, venerado, é comprovadamente seguro e indispensável, não é mesmo?

E afinal, como esse assunto é coberto no exterior? Na Deutsche Welle, o principal canal de televisão da Alemanha, o título da matéria é assim: “Síndrome post-vac: as novas vítimas esquecidas da pandemia?

Alienar os leitores da Veja, a principal revista do Brasil, e do PodCast que jamais fez um programa sobre isso, ajuda nas vendas de produtos das grandes corporações farmacêuticas? Sim. Sem dúvida alguma.

Fatos ignorados 7: análises de risco e benefício

Trecho da reportagem assinada por Chloé Pinheiro, “Clô” como é conhecida, na Veja.

Na mesma matéria, entenda como são tratadas as pessoas que afirmam que as vacinas (ainda experimentais, queiram ou não, afinal, nem se sabe quantas doses as pessoas vão tomar nem os efeitos de longo prazo) não devem ser obrigatórias.

Esse “em pleno 2023”, é um jeito de colocar todo mundo que ousa discutir isso como lunático, como se a discussão não fosse sequer válida. Deve ser obrigatório e calem a boca.

Entretanto, um estudo recente publicado no prestigiado Journal of Medical Ethics, periódico científico de co-propriedade do Institute of Medical Ethics, respeitada entidade da Grã Bretanha, e do BMJ – British Medical Journal, um dos mais conceituados periódicos médicos do mundo, chamou a obrigatoriedade da vacinação de anti-ética. Ou seja, gente de peso do ramo.

“Os formuladores de políticas públicas devem revogar imediatamente os mandatos de vacina COVID-19 para jovens adultos e garantir caminhos para compensação àqueles que sofreram consequências negativas dessas políticas”, disseram os autores. O motivo? O risco é maior que o benefício. Simples assim.

A militância para obrigar as pessoas a consumirem os produtos farmacêuticos, ignorando a conta de risco e benefício, serve aos interesses das grandes corporações? Sim.

Fatos ignorados 8: parou de morrer gente em Itacoatiara

Em julho do ano passado, o “Ciência Suja” fez um episódio completo sobre os estudos com a Proxalutamida feitos no Amazonas e no Rio Grande do Sul. Com esse medicamento antiandrogênico, as mortes foram reduzidas em quase 80% em pacientes com COVID-19 hospitalizados em estado grave. É isso o que concluiu o estudo “padrão ouro” revisado por pares e publicado.

Entretanto, para o “Ciência Suja”, tudo não passou de uma imensa farsa promovida por um número gigantesco de atores. Eles fizeram uma teoria de conspiração onde diversos hospitais do Brasil resolveram apenas fingir que as mortes foram reduzidas drasticamente. Para isso, eles resolveram contar, no episódio, a história em ritmo de filme de suspense.

Com reportagem investigativa em ritmo de microfones e câmeras escondidas, foram até Itacoatiara, cidade do Amazonas, onde foram entrevistar o Dr Michael Correia, um dos responsáveis do estudo no hospital da cidade. No próprio episódio, dizem que conseguiram entrevistá-lo por 40 minutos. No entanto, foi ao ar apenas uma ou outra frase do médico.

Entendam. Os jornalistas saíram do sudeste, foram até Manaus, de lá foram para Itacoatiara, a 250 km da capital, criaram expectativa como se tivessem conseguido se “infiltrar”, acharam um dos médicos envolvido na grande conspiração para fingir que um medicamento funcionou e cortaram tudo que o médico disse sem trazer nada bombástico.

Ao ver essa anomalia jornalística, Filipe Rafaeli (um dos colunistas do MPV), resolveu entrevistar o Dr Michael Correia em seu Instagram. Ele queria saber o que tanto foi dito nessa entrevista cortada de 40 minutos. Um resumo rápido? Dr Michael estava cansado de chegar pela manhã ao hospital e assinar um monte de atestados de óbitos. A partir do dia que o estudo com o medicamento começou, ele passou a assinar um ou outro. Ou seja, corpos pararam de ser empilhados.

O estudo iniciou exatamente em uma forte onda de casos graves de COVID-19. A mortalidade hospitalar era de 50% na região. O matemático Daniel Tausk, em um texto escrito para o MPV, cruzou dados oficiais de mortalidade registrados no OpenDataSUS. Ele confirmou a brutal queda de mortalidade: “Dados oficiais do SUS confirmam redução de mortalidade com proxalutamida em Itacoatiara“. Os dados, por serem públicos, podem ser conferidos por qualquer um.

Ou seja, para manterem uma reportagem sustentando que tudo era uma farsa, todos esses fatos, dados e números, precisaram ser chutados para fora, desavergonhadamente. O jornalismo foi subvertido. Esse é o histórico do “Ciência Suja”, parceira da maior fraude científica da indústria farmacêutica de todos os tempos.

Essas omissões colaboram com os lucros da big pharma vendendo vacinas? Sim.

Fatos ignorados 9: fraudes todos os dias

Realmente, listar todos os fatos importantes durante a pandemia que foram ignorados pelo “Ciência Suja”, os quais derrubariam o castelo de cartas que eles tentam manter com tanto esmero, resultaria numa lista imensa. Listamos só alguns, os que representam as maiores aberrações.

E todo dia novas fraudes são descobertas. Em um PodCast honesto, seriam pautas episódios inteiros. Nesta semana mesmo, por exemplo, publicamos aqui no MPV uma notícia na qual são expostos  diversos “erros” que o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) dos EUA cometeu em seus relatórios de estatísticas divulgados para a mídia. O levantamento dos erros foi feito por cientistas peso-pesados da Universidade da Califórnia.

Assim como todos os “erros” jornalísticos do “Ciência Suja”, que coincidentemente e invariavelmente favorecem os interesses das grandes corporações farmacêuticas, os erros estatísticos do CDC também serviram para aumentar a gravidade da COVID-19 em crianças, assustando os pais e ajudando na promoção e vendas de produtos farmacêuticos patenteados.

E, no fim das contas, vamos recomendar o “Ciência Suja”.

Curiosamente, quando fala do passado, o “Ciência Suja”, faz episódios muito bons e honestos, como o que fizeram para contar a crise dos opioides nos EUA. É um caso emblemático dos poderes da indústria farmacêutica causando mortes a rodo. Quando estão atrás dos lucros, tradicionalmente, eles fazem isso. O nome do episódio é: “Ópio para o povo“.

No PodCast, falam das 600 mil mortes provocadas pelos opióides. Eles chamam corretamente de “o crime do século”. No episódio é exposta toda a armação da “ciência suja que promoveu os opioides”. 

Não estamos sendo sarcásticos. O episódio é realmente bom, informativo, honesto, com boas análises e referências de peso. Uma das pessoas entrevistadas é Peter C. Gotzsche, o qual nós, do MPV, alimentamos profunda admiração. É um craque da ciência.

Gotzsche continua o mesmo. Ele segue denunciando sujeira. Seu último artigo científico tem o seguinte título: “Danos graves das vacinas COVID-19: uma revisão sistemática” (Serious harms of the COVID-19 vaccines: a systematic review). Deixamos aqui o link para o “Ciência Suja” como sugestão de pauta.

Entretanto, depois desse paper, e vendo o histórico do PodCast que, em todas as suas omissões e erros jornalísticos durante a COVID-19, “trabalharam” para as grandes corporações farmacêuticas, apostamos que a pauta não será aceita. Gotzsche, provavelmente, agora é persona non grata por lá.

Para entender o “Ciência Suja”, uma piada sobre serial killer

Era uma vez um serial killer chamado “Matador de Marias loiras”. O alvo do psicopata eram mulheres com o nome Maria, loiras e de olhos azuis. Ele matou 50 Marias de olhos azuis antes de ser preso. Desde então, o assassino ficou encarcerado por 40 anos.

Detalhes da história do psicopata “Matador de Marias Loiras” foram contados em alguns episódios do PodCast “Serial Killers Sujos”. Os jornalistas concluíram que era um psicopata irrecuperável.

Depois de 40 anos, liberado da cadeia, o “Matador de Marias Loiras” voltou para a cidade. Dois dias depois, foram encontrados corpos de mais duas mulheres com o nome Maria, loiras e de olhos azuis.

“Não temos a mínima ideia do autor desses crimes”, concluíram os jornalistas do PodCast “Serial Killers Sujos”. Em um programa, eles disseram que qualquer especulação sobre os autores só poderia partir de negacionistas e teóricos da conspiração.

Comentário MPV

No episódio sobre os opioides no PodCast, eles finalizam com uma frase do excelente livro “Empire of Pain”, de Patrick Keefe: “A crise dos opioides é uma parábola sobre a incrível capacidade da indústria privada de subverter as instituições públicas”. Para eles, essa frase é a definidora de todo o acontecimento.

Nós, do MPV, temos uma dica para dar ao PodCast: continua tudo igual, pessoal. Nada mudou. Até porque nenhuma reforma foi feita e ninguém foi penalizado para que a história não se repetisse. Como dizia a música do Legião Urbana, “é sujeira pra todo lado”. 

Entretanto, algo nos diz que a sobrevivência do “Ciência Suja” depende da incapacidade dos seus jornalistas em enxergarem a sujeira na ciência de hoje. 

Fraudes na ciência sempre foram interessantes e merecedoras de atenção. Sempre será assunto que gera interesse. E se pudermos fazer uma previsão para o futuro, diremos que um dia teremos algum PodCast que contará histórias sobre fraudes e sujeiras na ciência, e em um dos episódios, contarão como durante a COVID-19 até um PodCast especializado em investigar e denunciar sujeiras e fraudes na ciência trabalhou para atacar todos que expunham sujeiras e fraudes na ciência.

E para lembrarmos mais uma vez, antes de finalizarmos, absolutamente todas as omissões e erros jornalísticos do “Ciência Suja” aumentam os lucros das grandes corporações farmacêuticas. Uma coincidência, certamente.