O G1, site do grupo Globo, publicou, no dia 3 de julho, uma checagem de fatos que afirma ser falsa a alegação de que o Brasil é o único país a exigir a vacinação contra COVID-19 para crianças.

O título no G1 afirma: “É #FAKE que o Brasil é o único país a exigir vacinação de Covid-19 para crianças e adolescentes”.

Contexto

Nós, do MPV – Médicos Pela Vida, temos afirmado, em diversos textos, que o Brasil é o único país do mundo obrigando vacinas COVID-19 em crianças de 6 meses a 5 anos de idade. Inclusive, afirmamos isso em nosso mais recente editorial, publicado em 14 de junho: “Editorial: Ministra Nísia precisa explicar por que o Brasil virou desova de produtos farmacêuticos rejeitados”.

Fonte do MPV

Para afirmarmos que o Brasil é o único país obrigatório, o MPV se baseou em um levantamento feito pelo jornal Gazeta do Povo, publicado em fevereiro deste ano. “Brasil está sozinho ao obrigar crianças a tomar vacina da Covid-19”.

Comparações com outros países

Nós, do MPV, fomos além, e buscamos, em diversos textos em nosso website, comparar as recomendações do Brasil com outros países.

Nós descobrimos que Alemanha, Reino Unido, Dinamarca, Suécia e Suíça, apenas para citar alguns exemplos, sequer recomendam vacinas COVID-19 para crianças, exceto em casos específicos de crianças com comorbidades graves e após uma avaliação médica criteriosa. Inclusive, jamais obrigando, mas apenas recomendando nestas raras situações.

Alemanha: não recomenda para crianças saudáveis.
Reino Unido: não recomenda para crianças saudáveis.
Dinamarca: não recomenda para crianças saudáveis.
Suécia: não recomenda para crianças saudáveis.Suíca: não recomenda para crianças saudáveis.

Jornalistas checadores do G1 não sabem a diferença entre “recomendar” e “obrigar”.

O que fez o G1?

Logo no início, a checagem de fatos do G1 afirma: “Outros países, como os Estados Unidos, também recomendam a imunização da doença para todas as pessoas acima dos seis meses”.

O G1, propositalmente, confundiu “recomendar” com “obrigar”.

Exigência vs. recomendação

  • Exigência: significa uma obrigação formal ou legal para a vacinação.
  • Recomendação: significa uma orientação que não tem força de lei.

Ou seja, recomendação, no fim das contas, deixa a opção de vacinar ou não para os pais.

EUA

A comparação entre as recomendações dos EUA e de países europeus já gerou críticas às autoridades norte-americanas no New York Times, o jornal mais influente do mundo.  Enquanto os países europeus apenas recomendam para crianças muito doentes, nos EUA, as autoridades sanitárias recomendam para todas as crianças.

“Especialistas em saúde americanos defenderam a vacinação infantil quase universal; entretanto, na Europa , os especialistas alertaram contra a vacinação de crianças pequenas, que apresentavam baixo risco de doenças graves, sem mais dados de longo prazo”, escreveu o jornal.

“Estávamos pressionando para vacinar as crianças pelo bem delas ou pelo nosso?”, pergunta o autor do artigo. “Estávamos fazendo isso para apoiar a saúde ou para defender uma posição política?”

O artigo ressaltou que, devido a essa insistência, confiança nas autoridades de saúde dos EUA está em queda.

Repercussão

“Aprenda com os checadores da fatos do G1 como desinformar a pretexto de informar”, ironizou João Luiz Mauad, articulista de vários periódicos como os jornais O Globo, Zero Hora e Gazeta do Povo.

“Repararam? Outros países também vacinam ou recomendam a vacinação em crianças, embora nenhum deles exija. Logo, para os iluminados especialistas do G1, o Brasil não é o único país a exigir isso”.

Comentários MPV

1 – Desde o começo da pandemia, todas as “confusões”, favoreceram as fabricantes farmacêuticas. Desta vez, a “confusão” é apenas a diferença entre “recomendar” e “exigir”. Todas essas “confusões” são, certamente, apenas coincidências.

2 – Nos EUA, apenas 14,9% das pessoas elegíveis de 6 meses a 17 anos de idade foram vacinadas para a COVID-19 (de 6 meses a 5 anos, a porcentagem é ainda menor). Ou seja, 85% dos pais não confiam nas recomendações das autoridades de lá. E quando é 85%, já deixou de ser uma questão de posicionamento político, como deve ser.