Foi lançado recentemente, na plataforma Researchgate, um novo estudo utilizando os dados do programa de profilaxia pré-exposição contra a Covid-19 ocorrido em Itajaí, no litoral de Santa Catarina, ainda em 2020. Desta vez, o objetivo foi comparar os resultados de usuários regulares da ivermectina com usuários não regulares, além de não usuários. Foram analisadas as taxas de infecção por COVID-19, e entre quem pegou a doença, as taxas de hospitalização e de mortalidade.

Relembre: o primeiro estudo de Itajaí

Revisado por pares e publicado no periódico científico Cureus em janeiro deste ano, o estudo buscava responder quanto foi a eficácia do programa na cidade toda. Os cálculos envolveram 113.845 pessoas que se prontificaram a buscar a ivermectina, que era distribuída gratuitamente na cidade pela infraestrutura do SUS – Sistema Único de Saúde. Incluídos nos cálculos estavam apenas os cidadãos de Itajaí maiores de 18 anos e sem infecções prévias por Covid-19 até a data do início do programa. A comparação foi feita com 45.716 cidadãos, também maiores de 18 anos e sem infecções prévias, que não foram buscar ivermectina.

Através dos prontuários eletrônicos no sistema SUS, foi constatada uma redução da chance de infecção de 44% entre os usuários de ivermectina comparados com os não usuários. Posteriormente, usando o PSM – Propensity Score Matching, uma técnica avançada de estatística, o estudo constatou, entre os usuários, uma redução de 56% na chance de hospitalizações e uma redução de 68% na chance de morrer de Covid-19.

Entretanto, neste primeiro estudo, o que houve foi uma análise geral do impacto do programa na cidade toda. Foram comparados os resultados do grupo de pessoas que se propuseram a ir buscar ivermectina nos pontos de distribuição com as pessoas que não buscaram, entre julho e o fim de 2020, não levando em conta as pessoas que se mantiveram com maior ou menor regularidade no uso. “Isso significa que muitas pessoas – a maioria, aliás – que utilizou poucos comprimidos de ivermectina, foram considerados como ‘usuários de ivermectina’, o que levou a uma redução da eficácia real da droga” afirma Dr Cadegiani, co-autor, responsável pela análise dos dados do estudo.

A ivermectina foi disponibilizada para que as pessoas buscassem a cada 15 dias. O programa forneceu o medicamento na dose de 0,2mg/kg/dia durante dois dias consecutivos, a cada 15 dias. Ou seja, uma pessoa que pesa entre 60 e 90kg, tomou, a cada duas semanas, seis comprimidos. Três por dia, por dois dias consecutivos.

Novo estudo leva em conta a regularidade das doses

Usando o PSM, foram pareados 283 pacientes que usaram  ivermectina regularmente com 283 pacientes que não se voluntariaram a tomar os medicamentos pelo programa. Os dados foram coletados ao longo de um período de 150 dias. As definições de regularidade foram as seguintes: usuários regulares tinham 180mg ou mais de ivermectina, o que significa que usaram o remédio de forma regular por ao menos 06 a 08 semanas; usuários irregulares tinham até 60mg, no total, ao longo de todo o período do programa, ou seja, que usaram de forma muito irregular ou por no máximo 02 vezes.

Entre os 283 pacientes não usuários, morreram 15 de COVID-19, uma taxa de fatalidade de 5,4%. Entre os 283 usuários regulares, morreram apenas 2, uma taxa de 0,7%. Houve, após ajustes para variáveis residuais, uma redução de mortalidade de 92% entre usuários regulares. Este novo estudo, demonstrando eficácia maior para quem fez uso regular, deve passar agora pelo processo de revisão por pares e posterior publicação.

“Este é ainda o segundo dos nossos estudos do programa de prevenção do COVID-19 com ivermectina em Itajaí. Os resultados finais, que abordam todas as formas de se analisar os dados, não deixarão dúvidas e tampouco qualquer espaço para questionamento da eficácia da droga naquele momento”, reflete Cadegiani.

Fonte

Regular use of ivermectin as prophylaxis for COVID-19 led up to 92% reduction in COVID-19 mortality rate in a dose-response manner: results of a prospective observational study of a strictly controlled population of 88,012 subjects among 223,128 participants

Leia mais sobre os estudos da Ivermectina em Itajaí

Janeiro/22: Ivermectina preventiva: revisão internacional de cientistas confirma eficácia de 68% em estudo feito no SUS
Fevereiro/22: Ivermectina: pesquisadores reafirmam eficácia e disponibilizam dados irrefutáveis
Julho/22: COVID-19: Jornal da USP mente e distorce a ciência para atacar a ivermectina. Leia a análise completa.